quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

História do Teatro - Parte 9

ROMA




-Diferentes dos gregos os romanos não eram voltados para as artes; 

-Começaram como agricultores e sempre eram desconfiados com gente de outros lugares; 

-Não houve tradições de lendas populares, o teatro não teve raízes locais para se desenvolver; 

-Antes da grande expansão territorial de Roma, a metade do sul da Itália era chamada de Magna Grécia, por ser dominada pelos gregos e sua cultura; 

-Um dia um romano resolveu mostrar teatro aos romanos e montou em um palco improvisado uma tragédia e uma comédia, que ele tinha visto dos gregos e que tinha traduzido para o latim; 

-Só assim, e bem aos poucos, o teatro começou a fazer parte da vida de Roma; 

-A sociedade em Roma era mais hierarquizada do que em Atenas; 

-Tudo era muito dividido entre patrícios (Nobreza) e plebeus (Classe baixa/povo); 

-Os plebeus foram os últimos a terem importância política; 

-As autoridades romanas não gostavam que o povo pensasse sobre assuntos sérios;

-Por isso a tragédia não conseguiu ser muito aceita; 

-O que constituiu o “teatro romano” foram as comédias que copiavam ou imitavam a comédia nova da Grécia, que só tratava de intriga sem maior profundidade; 

-Os mais famosos autores romanos de comédias foram Plauto (II a.C.) e Terêncio (I a.C.); 

-O governo tinha medo do teatro e assim as peças só eram apresentadas em palcos improvisados de madeira, em várias festas em honra dos vários deuses romanos; 

-Em 55 a.C. foi construído o primeiro teatro permanente de pedra, e foi em Roma; 

-Mas teve que ser escondido. Pompeu (General e político romano), que financiou a construção, e construiu também no alto da arquibancada um templo para uma deusa, e dizia que a arquibancada era uma escadaria para chegar até lá; 

-Com o crescimento do Império romano novos teatros foram aparecendo, copiados dos gregos, mas com algumas diferenças: ao invés de aproveitar encostas de montanhas, construíam imensas paredes para as arquibancadas; a arena central circular, foi cortada em duas, ficando só metade; o coro desapareceu; quem ficava na meia lua central eram as pessoas importantes e as autoridades;

-Plauto foi muito influente sobre o teatro da Renascença (Diz respeito à restauração dos valores do mundo clássico greco-romano), e até Molière escreveu comédias que têm Plauto sua principal fonte; 

-Os festivais romanos não eram como os da Grécia; 

-Não respeitavam o povo e diziam que bastava dar a ele “pão e circo” (Comida e entretenimento); 

-O número de festivais regulares (Jogos), foram aumentando; 

-Também haviam jogos especiais quando alguém ganhava uma batalha ou fazia qualquer coisa importante; 

-O teatro fazia parte desses jogos, dos quais sobressaíam as corridas de bigas ou quadrigas (Carruagens puxadas por 2 ou 4 cavalos), as lutas, etc.; 

-Havia também uma cerimônia religiosa na qual um sacerdote estudava as entranhas de uma ave sacrificada e quando as coisas não andavam certo nessa cerimônia, os jogos tinham que ser repetidos; 

-É sabido que quando foi apresentada a comédia de Plauto “O soldado fanfarrão”, que fez muito sucesso, os jogos tiveram de ser repetidos sete vezes; 

-Depois de Terêncio o espetáculo cresceu, mas a dramaturgia desapareceu quase completamente;

-Durante o período do Império só apareceu um autor novo importante, Sêneca, que no primeiro século da era cristã escreveu várias tragédias, e tudo indica não terem sido montadas na época; 

-A razão para se acreditar nisso é que em Roma parece que quem fazia teatro não tinha grande confiança na imaginação do público, e todo mundo que entrava ou saía explicava direitinho de onde tinha vindo ou para onde ia e o por quê. Até os escravos, que iam correndo dar recados de seus amos, paravam no meio do palco e explicavam tudo o que estavam fazendo; 

-Nos textos das tragédias de Sêneca, porém, não há uma única rubrica de justificativa de entrada ou saída, e por isso mesmo não é nada provável que alguém tenha montado suas peças naquele tempo; 


A DECADÊNCIA DE ROMA 


-Não aparecerem novos autores famosos não quer dizer que não houvesse teatro; 

-Muitos edifícios teatrais romanos foram construídos e que ainda hoje podem ser vistos na Europa e na África, mas a preocupação era só com o espetáculo; 

-Com a decadência do Império as coisas ficaram piores;

-Exemplo: nas peças que alguma personagem morria, eram utilizados para interpretar o papel, criminosos condenados que eram realmente mortos no palco; 

-Por volta do século V os bárbaros começaram a invadir os locais com predominância romana e destruíram muita coisa; 

-Como o povo romano e os que viviam nas províncias do Império eram muito mais preparados (Escrita, leis, comércio organizado, etc.) e também eram mais civilizados, os bárbaros invasores foram culturalmente assimilados pelos invadidos; 

-Com o tempo, de modo geral, os bárbaros acabaram adotando a organização romana e aos poucos também foram aparecendo novas línguas; 

-O teatro ainda não havia lugar e nenhuma outra arte; 

-A Igreja católica, que já se espalhava por todo o Império e que se tornara a instituição mais organizada de todo o Ocidente, ficava chocada com o escândalo que eram os espetáculos de teatro da época; 

-No século VII excomungou não só todos os atores, mas também suas famílias; 

-Muito tempo iria se passar até aparecer teatro de novo.


TEATRO PELO MUNDO





IDADE MÉDIA 

(Séc. V até o Séc. XV) 



Idade Média: Inicia-se com a Queda do Império Romano e termina durante a transição para a Idade Moderna (Uma época de "revolução social" cuja base consiste na "substituição do modo de produção feudal pelo modo de produção capitalista); 

-Muitos séculos depois, quando várias tribos bárbaras já haviam se fixado e estavam cristianizadas, foi a própria Igreja Católica a responsável pela volta do teatro; 

-A maioria que frequentava a igreja era analfabeta; 

-Havia necessidade de maior informação a respeito da religião; 

-Muitas igrejas e catedrais construídas no século XII na Europa, possuem decoração da Paixão de Cristo, numa espécie de história em quadrinhos bíblica; 

-”O teatro é sempre uma arte que custa a aparecer, porque exige que a própria língua, bem como as manifestações literárias, já esteja mais madura” (Barbara Heliodora/O Teatro – explicando aos meus filhos); 

-A Ilíada e A Odisseia (Homero) são poemas narrativos, isto é, contam histórias que se apresentam como verdadeiras, e não como sendo obras de ficção; 

-Os autores desse tipo de obra não acham realmente que estejam inventando nada, mas só contando o passado de seu povo, dando um depoimento sobre as raízes de sua identidade e cultura;

-As várias tribos assentadas em diferentes locais, misturaram as linguagens ainda sem escrita que os bárbaros traziam com o latim e toda a disciplina romana, foram aos poucos formando novas línguas; 

-Mas outras misturas e influências trouxeram o aparecimento de várias línguas germânicas e nórdicas, que também geraram uma riqueza de poemas épicos (Bruxas,dragões,etc.); 

-Na França aparecem as primeiras narrativas sobre a história daquele novo povo, as chamadas “chansons de gestes”, isto é “canções de gestos”, ou “gestas” (“canções dos feitos”) – relatos supostamente objetivos sobre o passado; 

-Na Islândia surgiram as Eddas (Cheias de narrativas sobre lutas e festas que contam a história do povo); 

-Na Alemanha surgem as Canções de Nilbelungos (Nome de um povo que morava naquela região); 

-Na Inglaterra no século VI, aparece Beowulf, história importada da Dinamarca, fruto das várias incursões dinamarquesas pelo território britânico; 

-Aos poucos as línguas vão se aprimorando e as histórias ficam mais compridas e compiladas; 

-Lembrando: Na Idade Média ainda não havia países como os que conhecemos hoje. Assim, morar em Londres ou em paris não significava morar na Inglaterra ou na França. As pessoas sentiam-se ligadas apenas a uma cidade, a um feudo ou a um reino; 

-Nobres eram donos de pedaços de terra, construíam castelos e por serem grandes moravam muitas pessoas neles; 

-Ficava a corte do nobre, e sua principal diversão eram os poetas ou rapsodos (Que iam de corte em corte recitar sua longas poesias na hora do jantar ou nas longas noites de inverno); 

-Para os servos, escravos da terra, que ficavam do lado de fora e viviam em aldeias que pertenciam ao dono do castelo, havia alguns artistas ambulantes que faziam acrobacias, atiravam bolinhas para o ar e engoliam fogo; 

-Havia também quem contasse histórias mais populares, em versos mais simples; 

-No século X, um fato extraordinário aconteceu para o teatro com a ajuda da Igreja, a mesma que tinha “acabado” com ele; 

-A Igreja havia guardado em seus mosteiros textos do teatro romano, onde os monges estudavam, mas não divulgavam; 

-A Igreja não queria que a população apreciasse obras de autores pagãos (Crença politeísta); por outro lado, ela tinha consciência do analfabetismo; 

-No século X, no mosteiro de São Galego, na Suíça, alguém teve a ideia de dramatizar trechos de histórias bíblicas, e desde então o teatro nunca mais parou;

-A primeira experiência foi a Ressurreição de Cristo (Com muito sucesso), e o acontecimento está documentado em todos os detalhes; 

-Com o tempo várias outras histórias foram encenadas; 

-Para poder contar melhor a história, pequenos cenários eram improvisados em pontos diversos da igreja; 

-Com o sucesso, saíram das igrejas e foram para as praças; 

-Até o século XII, tudo era feito em latim; 

-Como a maioria era analfabeta, as dramatizações passaram a ser representadas na língua local de cada região; 

-Quando a Igreja se deu conta já estavam abertas as portas para o teatro, e os episódios começaram a incluir detalhes e outros temas/ações (Que não estavam na Bíblia); 


Houve Semelhança com o que aconteceu na Grécia?




-A verdadeira semelhança está no fato de que, tanto na Grécia quanto na Europa medieval (Foi o momento das espadas e cavaleiros ascenderem. Contudo não se pode esquecer que também foi o período em que a Igreja Católica ditou as regras, com um poder de dominação maior que os reis), o que era dramatizado com temas religiosos e rituais ficou independente do conteúdo religioso e passou a expressar curiosidade a respeito dos comportamentos humanos do dia-a-dia. As pequenas dramatizações bíblicas passaram a ser apresentadas na língua local, a transformação começa a acontecer.

-Pequenas peças sem nada a ver com a Bíblia começam a ser apresentadas;

-Na Espanha, foi baixado um decreto proibindo que padres e monges tomassem parte em peças condenáveis, acusadas de imoralidade, mas podiam participar de apresentações religiosas;

-Muitas dramatizações foram feitas na linguagem local, mas a Igreja católica e o latim eram muito fortes em toda área da Europa Ocidental;

-A sede da Igreja se fixou em Roma e teve forte influência na península itálica com a sua estrutura e religião;

-Lá aparece os cantos e procissões rituais, fazendo demorar as manifestações realmente dramáticas;

-Na Espanha surge a chamada “loa”, uma longa procissão na qual apareciam carros e quadros vivos expressando episódios, cujo significado era cantado (Semelhante a forma das escolas de samba do Brasil);

-Na Suíça, Áustria, oeste da Alemanha, França, Bélgica e Holanda, o processo é muito mais claro como berço do teatro de hoje;

-Saindo da Igreja, os espetáculos foram entregues as irmandades religiosas (São associações religiosas de leigos no catolicismo, que se reuniam para promover o culto a um santo e também com o objetivo de ajudar os seus membros e a comunidade. As irmandades obedeciam as regras sancionadas pela Igreja e tinham as suas contas verificadas anualmente por um dignitário religioso);

-Sem o clima religioso da própria igreja, tanto os diálogos começaram a ser mais desenvolvidos como foi sentida a necessidade de se criarem, como acontecera dentro da igreja, pequenos cenários nos quais os vários espetáculos se passavam, com o público, na praça, acompanhando, de pé, o que acontecia;

-Tanto os textos quanto o número de “cenários” aumentaram com o tempo;

-Os mais elaborados e complexos foram os das paixões, onde toda a cidade se empenhava;

-Elas variavam muito de forma e tamanho, pois muitas duravam dois ou três dias, algumas uma semana e há casos de duração de um mês;

-Os pequenos cenários eram chamados de mansões, e cresciam de acordo com o texto;

-Nas “paixões” francesas, montava-se de uma só vez toda a vida de Cristo, e há casos com mais de cem cenários diferentes, que iam sendo mudados, na praça, para os episódios serem vistos a cada dia; 

-Na Inglaterra a transformação foi diferente, o que influenciou o aparecimento do teatro profissional; 

-Ao sair das igrejas os espetáculos não pararam nas mãos das irmandades religiosas, mas sim para as guildas (Sindicatos de vários ofícios); 

-Não havia escolas para sapateiros, carpinteiros, etc., mas quem quisesse trabalhar dessas profissões tinha de ser aprendiz de um profissional; 

-Durava 7 anos e depois realizava um exame para provar à guilda sua capacidade e ter o título de “mestre”; 

-Na Inglaterra em vez dos grandes espetáculos na praça com aquela quantidade imensa de cenários, cada ofício ficava encarregado de representar um determinado episódio da Bíblia; 

-Quem representava eram os que, em cada cidade, pertenciam a cada guilda; 

-O conjunto de peças apresentadas formava um ciclo; 

-Textos de alguns ciclos estão preservados até hoje;

-O maior ciclo preservado é o da cidade de York, composto por 48 peças que começam com a Criação e acabam com o Juízo Final; 

-A tradição mandava que os ciclos fossem apresentados na festa de Corpus Christi, e cada guilda apresentava sua peça em cima de uma carroça; 

-Três ou quatro locais importantes da cidade eram escolhidos para as apresentações; 

-O espetáculo começava às seis horas da manhã; 

-A primeira guilda responsável pelo episódio, a Gênes, se apresentava no primeiro local escolhido e assim fazia em todos os locais; 

-E assim ocorria com todas as outras guildas em suas apresentações dos episódios até a última, que apresentava o Juízo Final; 

-Com essa sucessão, todo mundo da cidade tinha a oportunidade de ver todos os episódios; 

-O prestígio da Igreja era mantido com essas manifestações e por outras que começavam a ser escritas; 

-Começam a ser escritas peças em homenagem aos santos, chamadas de “milagres”, e peças que contavam a Bíblia eram chamadas de “mistérios”;

-Esses grandes acontecimentos patrocinados pela Igreja Católica começaram a rarear (Tornar menos frequente) com a Reforma, iniciada por Martinho Lutero (Alemão, monge agostiniano e professor de teologia, questionador dos dogmas do catolicismo romano e entre suas defesas é que a salvação está apenas na Fé em Cristo Jesus e não pelas boas obras e méritos humanos); 

-Dividido o cristianismo, por um lado as festividades religiosas ficaram mais austeras, enquanto por outro os governantes das cidades começaram a rivalizar com a religião como responsáveis pelo bem-estar da população; 

-Essa preocupação com o jogo do poder fica ainda mais clara no final do século XV, com o aparecimento de novas monarquias nacionais, que, para marcarem sua importância, tomaram para si a realização de grandes festas cívicas, que passaram a sinalizar a importância do novo monarca, que procurava também estabelecer a identidade desta nova unidade política, o país; 

-Apresentar apenas uma vez por ano ou em algumas ocasiões sobre a vida dos santos, fora das datas tradicionais, não saciava o gostinho de ser ator e de representar; 

-É assim que começa a nascer o teatro mais profissional; 

-Abandonando seus ofícios alguns artesões organizaram um pequeno grupo para apresentar espetáculos;

-Aproveitaram as carroças que serviam de palco e também de transporte; 

-Começaram a inventar peças novas, pois não podiam representar mais textos religiosos; 

-O verdadeiro teatro nasceu justamente porque aqueles atores/autores começaram a buscar, no mundo real que os cercava, temas para novas peças; 

-As mulheres não faziam parte das representações, porque o trabalha delas não era reconhecido e nem organizado, e assim, os homens representavam todas as personagens, exatamente como faziam, antes, os monges; 

-Na França, o teatro foi parar nas mãos das irmandades religiosas, mas estas eram de homens e mulheres, e por isso apareceram atrizes para os papéis femininos; 

-É preciso lembrar quando se diz que na época de Shakespeare não existiam atrizes, é porque os papéis eram interpretados por aprendizes.



IDADE MODERNA 



-Nos séculos XVI e XVII houve uma verdadeira explosão de teatro na Europa, mas em cada país ele se desenvolveu de um modo diferente, de acordo com as circunstâncias, desvinculado do teatro religioso; 

-Cada país teve suas variantes de língua; 

-Apareceram vários autores e textos notáveis que são montados até hoje; 

-Até a forma do chamado “palco italiano” é utilizada na maioria dos nossos teatros.



TEATRO NA ITÁLIA




-A arte começa a surgir como independente e como atividade mais regular;

-Nesse país desenvolveu ainda mais os aspectos físicos do teatro, como o espaço físico;

-Era o tempo da Renascença (Fins do século XIV e início do século XVII. Chamou-se "Renascimento" em virtude da redescoberta e revalorização das referências culturais da antiguidade clássica) e tem a vontade de renascer a glória do Império romano;

-Ao contrário da Espanha, França e Inglaterra, a Itália não tinha uma única monarquia nacional, e assim, continuou a ser uma colcha de retalhos de principiados, ducados e até pequenas repúblicas;

-Inúmeros príncipes reinantes até faziam concursos para verificar qual deles era patrono (Algo ou alguém que defende uma causa, um ponto de vista) do maior número de artistas;

-A falta de unificação da língua foi um problema para o teatro na Itália; 

-Cada unidade tinha seu próprio dialeto, e nada mais comum do que uns simplesmente não compreenderem os outros; 

-Com o culto da ressurreição da Roma Imperial, muitas obras eram escritas em latim e muitas pessoas não entendiam; 

-Foram poucos autores que escreveram bom teatro com a língua do seu tempo; 

-“A mandrágora” de Nicolau Maquiavel - 1469/1527 (Italiano, historiador, poeta, diplomata e músico) foi escrita em toscano e é uma das poucas a serem encenadas até hoje; 

-Surgiu então a commédia dell’arte, em português quer dizer “comédia dos profissionais”; 

-A grande contribuição da Itália para o teatro foi à criação da cenografia e a elaboração do edifício teatral e seu palco; 

-A principio, os espetáculos para as cortes eram apresentados nos próprios salões do palácio do governante local, improvisado com cortinas e tapeçarias;

-Foi no século XVI que apareceram espaços para palcos permanentes; 

-Aparece na cidade de Vicenza, perto de Veneza, o lindo Teatro Olímpico, desenhado por Palladio -1508/1580, um notável arquiteto que começou a construí-lo em 1573, e o teatro só foi terminado em 1585 por Vicenzo Scamozzi (Arquiteto e teórico de arquitetura), aluno de Palladio, que morreu antes de termina-lo; 

-Esse teatro era uma miniatura dos antigos teatros romanos; 

-A diferença é que, em vez de ser imenso, de pedra e mármore, e ao ar livre, o palco e a plateia são pequenos, de madeira pintada, e fica dentro de um prédio; 

-O cenário é fixo, inspirado nos antigos teatros romanos; representa a fachada de um grande prédio, com um arco central e dois laterais que sugerem as ruas, feitas em perspectiva;



TEATRO OLÍMPICO








-Na frente deste cenário está o palco, que é uma plataforma estreita (Dois ou três metros de profundidade) que vai de um lado a outro, com portas de saída em cada extremidade, que são os únicos meios de acesso ao palco; 

-A plateia como na antiga forma de uma arquibancada, com a metade de um círculo; 

-O teto é pintado como se fosse o céu, azul, com nuvens brancas e rosa; 

-Em 1618, em Parma, apareceu o Teatro Farnese, construído por G.B. Aleotti – 1546/1636 (Italiano e arquiteto); 

-O novo teatro era bem diferente: construído como um grande retângulo cortado em dois, área do palco do mesmo tamanho da plateia, usavam máquinas que já tinham sido inventadas para a nova cenografia; 

-O plano do novo teatro ficou sendo o modelo principal com o nome de “palco italiano”; 

-Visto da plateia o palco se transformava em um quadro, com a parede que o separa da plateia vazada por um arco, cuja “moldura” era enriquecida por elementos decorativos; 

-Essas “molduras” foram chamadas de “arco do proscênio”;

-Não era só de enfeite, seu ponto mais alto um tanto mais baixo do que a altura total do palco, a parte da parede que envolvia o arco servia também para esconder as muitas máquinas que ficavam penduradas no teto, por meio dos quais pássaros voavam, deuses desciam dos céus e assim por diante; 

-A cenografia começou com grandes painéis pintados, que ocupavam toda a parede do fundo do palco, e que sugeriam cenas adequadas para situar a peça, pintadas em perspectiva; 

-Mais tarde o cenário passou a ser composto também por armações de madeira onde era esticada uma lona pintada que tornavam a cenografia ainda mais sugestiva; 

-Juntos um par de trainéis (Elemento cenográfico plano constituído por uma lona ou tela que se prega sobre uma armação de sarrafos) formava um toldo, mas eles podiam se separar e deixar à mostra o que estava atrás; 

-Alguém teve a ideia de trocar o cenário durante o espetáculo, colocando três ou quatro trainéis correndo sobre conjuntos de trilhos, estes eram afastados para deixar o próximo conjunto à vista; 

-Teve um novo recurso técnico para a cenografia, o controle de conjuntos de velas que eram utilizados nas maiores naus (Navios);

-As velas eram manobradas de acordo com o vento e tinham três cordas – uma comprida, uma média e uma curta- e eram puxadas para abrir ou fechar as velas;

-Esse mesmo recurso passou a ser usado para mudar os cenários, vertical ou lateralmente, com pinos semelhantes aos das naus que ficavam em fila junto às paredes laterais do palco;

-Na verdade é que na Itália, o espetáculo ficou muito mais desenvolvido do que o texto, e os recursos cênicos inventados foram inúmeros.;

-Giacomo Torreli - 1608/1678 (Italiano, cenógrafo, engenheiro e arquiteto) foi o maior inventor de truques para o palco, e veio a ser conhecido como “o Grande Mágico”, porque realizava os mais inesperados “efeitos especiais” da época, que deixavam o público encantado;

-Nicola Sabattini - 1574/1654 (Italiano e arquiteto) escreve o livro “Prática de se fabricar cenários e máquinas para teatro”;


Ele diz: 


“Para impressionar o público com alguma troca de cenários deve conter dois atores para fingir uma briga na hora da troca. Com a briga todo mundo há de se virar para trás e, quando virem que não é nada e tornarem a olhar para a frente, verão como surpresa o novo cenário”; 

-Com o tempo, a cenografia evoluiu muito; 

-Muitos aspectos do teatro italiano compõem a forma dos teatros de hoje em dia. 


TEATRO FARNESE



PALCO ITALIANO




-Espaço retangular fechado nos três lados, com uma quarta parede invisível ao público frontal através da boca de cena: 

Pode ser: Retangular, Semicircular, Ferradura ou Misto; 

Provido de: 

-Acústica: A qualidade da sala de espetáculos no que diz respeito a transmissão do som. 

-Moldura: Conhecido como boca de cena e proscênio, com a cortina de boca, geralmente movimentada no sentido vertical logo atrás da moldura; 

-Proscênio: À frente do palco; ante cena. Prolongamento no mesmo nível do palco projetado até o público que se adapta a diversas formas e dimensões; 

-Boca de cena: É a frente do palco; 

-Palco: É o local para a apresentação dos artistas; 

-Alçapão: Abertura do chão do palco, dissimulada aos olhos dos espectadores, para encenar efeitos de aparição e desaparição de atores ou objetos cênicos; 

-Bastidores laterais (Ou coxias): Servem de entrada e saída dos atores;

-Pernas: Podem ser biombos ou panos que servem de entrada de coxia e também ajudam a diminuir o espaço cênico; 

-Rotunda: Pano de fundo preto que pode esconder o Ciclorama e servir de fundo neutro à cena; 

-Varas de cenário e luz: Barras de metal ou madeira, dispostas acima do palco, onde se apoiam canhões de luz e se penduram cenários ou objetos cênicos; 

-Abraçadeiras: Peças de metal em vários modelos para fixação ou conexão de elementos e peças. Utilizados na amarração de varas e outros equipamentos cenográficos; 

-Holofotes: É um dispositivo de iluminação constituído de uma lâmpada. Existem de muitos tamanhos, utilidades e potências. Possuem vários nomes de acordo com o seu tamanho, utilidade e potência; 

-Gelatina: Folha de material transparente, posicionada em frente aos refletores para colorir ou filtrar luzes; 

-Bambolinas: Panos estreitos que tapam o teto do palco, ocultando os refletores e varas de cenário quando necessário. Também fazem o acabamento da estrutura;

-Ciclorama: Cortina branca ou azul claro, esticada, semelhante a uma tela ao fundo do palco com armação em forma de "U", usado principalmente para projeções; 

-Arco do proscênio; 

-Ribalta: Fila de luzes à frente do palco, entre o pano de boca e o lugar destinado à orquestra; 

-Urdimento: Armação de madeira ou vigas metálicas construídas ao longo do teto, para permitir o funcionamento de máquinas e dispositivos cênicos. Na realidade, é o esqueleto do palco; 

-Manobras: Conjunto de cordas e cabos de aço que pendem do urdimento, onde são fixadas as varas de cenário e luz. O número de cabos de aço em cada manobra varia de acordo com o tamanho e peso do cenário ou equipamentos a serem suspensos. Seu controle pode ser manual em tiro direto, contrapesado ou sarilho (Cilindro horizontal móvel, acionado por manivela ou motor, em que se enrolam cordas ou cabos de aço, para levantar grandes pesos) cênico e elétrico através de motor redutor;

-Varanda: Uma espécie de passarela que contorna todo o urdimento, às vezes, também atravessando-o, por onde circulam os cenotécnicos (Pessoas responsáveis pela montagem dos cenários, criados pelo cenógrafo) e outros técnicos. Nessa varanda é que se amarram as cordas, controlam-se os contrapesos (Qualquer força que diminui o efeito de uma força contrária), os efeitos cênicos, etc.; 

-Linóleo: Tapete de borracha especial colocado como forração do piso do palco, com função de proteção e/ou acabamento; também utilizado para amortecer o impacto dos movimentos, sendo muito utilizado em espetáculos de dança; 

-Poço da Orquestra: (Em alguns casos) Um espaço à frente do palco destinado aos músicos; 

-Camarins: Recinto da caixa dos teatros onde os atores se vestem e se maquilam; 

-Cabine de controle: Sala geralmente localizada ao fundo da plateia, onde são instalados os equipamentos para controle dos sistemas e dos equipamentos técnicos de iluminação cênica e sonorização; 

-Luzes de serviço: Luz que é usada quando se está montando um cenário ou trabalhando no palco fora do horário do espetáculo.



COMMEDIA DELL’ARTE


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-Commédia dell’arte, em português quer dizer “comédia dos profissionais”;

-Teatro popular;

-Século XV na Itália;

-Ninguém sabe ao certo como ela surgiu, mas sabe-se que foi influenciada pelos acrobatas, palhaços medievais, poetas e contadores de histórias;

-Suas apresentações eram realizadas nas ruas e praças públicas;

-As companhias eram itinerantes e possuíam uma estrutura de esquema familiar - as trupes eram formadas, geralmente, de oito a doze atores;

-Ao chegarem a cada cidade, pediam permissão para se apresentar nas suas carroças ou em pequenos palcos improvisados;

-É comum ouvir dizer que a commédia dell’arte era improvisada, mas a verdade é que cada companhia criava seus enredos, cheios de ação divertida e complicada, que exigia muito ensaio e disciplina, para os encontros e desencontros saírem na hora certa, com a graça sendo quase toda corporal e um tanto mecânica;

-Os atores seguiam apenas um roteiro simplificado (Canovaccio - indica os elementos básicos da trama de uma peça, determinando, de maneira genérica, o seu desenvolvimento, sem entrar nos detalhes de cada cena);

-Continha em linhas gerais, o tema, a descrição das situações e as personagens intervenientes;

-A partir desses elementos, desenvolvia-se a improvisação dos atores;

-Tinham total liberdade para improvisar e interagir com o público;

-Se organizavam em companhias, os personagens ou "máscaras" eram fixos nas quais cada ator sempre interpretava o mesmo personagem, no qual aperfeiçoava cada vez mais ao longo dos anos;

-Os personagens mais centrais, os mais cômicos usavam máscaras e cada ator tinha a máscara feita para ele com características próprias;

-As máscaras eram famosas e só cobriam a metade superior do rosto;

-Cada uma identificava a personagem;

-A máscara tinha que ter algo de diferente, que seria a marca de quem interpretasse a personagem; 

-Tudo funcionava como um seriado de Tv de hoje em dia; 

-As mesmas pessoas apareciam em circunstâncias ou aventuras diferentes, com cada ator ou atriz sendo identificada por seu papel; 

-A diferença é que todas as companhias contavam histórias sobre os mesmos personagens; 

-Montava-se um palco de mais ou menos um metro de altura, para que todos pudessem ver o espetáculo; 

-Essas trupes ocasionalmente atuavam na parte de trás de suas carroças de viagem, embora fosse mais comum a utilização do Carro de Téspis, um teatro móvel de antigamente; 

-As apresentações eram improvisadas em cima de um estoque de situações convencionais: adultério, ciúme, velhice, amor, etc.; 

-O diálogo e a ação poderiam facilmente ser atualizados e ajustados para satirizar escândalos locais, eventos atuais ou manias regionais, misturados com piadas e bordões;

-Os personagens eram identificados pelo figurino, máscaras e até objetos cênicos, como o porrete; 

-Os Lazzis (Rotinas ou piadas, jogos de palavras, ações e gestos grotescos e descrições de rotinas estabelecidas, não textos dialogados. Esse jogo teatral, apesar de possibilitar improvisações, era sempre muito bem ensaiado pela companhia) também eram usados; 

-Na trama tradicional, os innamorati (Enamorados) querem se casar, mas um ou mais vecchi (Velhos) estão impedindo-os de se casar; então, eles precisam de um ou mais zanni (Servos) para ajudá-los; 

-Tipicamente termina tudo bem com o casamento dos enamorados e o perdão por todas as confusões causadas; 

-Há inúmeras variações dessa história, assim como há muitas que divergem completamente dessa estrutura, como uma famosa história em que o Arlecchino fica misteriosamente “grávido”; 

-Assim como os da mesma época (Shakespeare), os italianos vestiam atores homens em travesti – com roupas de mulheres e perucas; 

-Diferentemente dos atores do teatro renascentista inglês, eles o faziam por propósitos humorísticos - não por proibição legal;

-I Gelosi (Os Ciumentos), dos irmãos Andreni, foi a primeira companhia teatral de que se tem notícia; 

-Foi fundada em 1545 por oito atores de Pádua (Cidade italiana) que se comprometeram a atuar juntos até à quaresma de 1546; 

-Foram os primeiros a conseguir viver exclusivamente da sua arte; 

-Neste âmbito, destaca-se também o nome de Angelo Beolco (1502-1542) - Beolco foi autor dos primeiros documentos literários em que os personagens eram tipificados. Outra das suas facetas mais conhecidas foi a de ator. Ele representava a personagem de Ruzante, um camponês guloso, grosseiro, preguiçoso, ingênuo e zombador; 

-Na Rússia como na Inglaterra fizeram sucesso; 

-Na França se desenvolveu até o século XVIII; 

-Na França uma companhia chegou a fixar-se em Paris com o nome de “Os Comediantes Italianos do Rei”; 

-Scaramouche, foi um dos mais famosos atores dessa companhia e o jovem Molière aprendeu a técnica de sua profissão;


ZANNIS




-Personagens de classe social mais baixa; 

-Dividiam-se em duas categorias: o primeiro zanni, esperto, que com suas intrigas movimentava para frente às ações; e o segundo zanni, rude e simplório, que com suas atrapalhadas brincadeiras interrompia as ações e desencadeava a comicidade; 

-As criadas não usavam máscaras; 

-Elas geralmente ficavam a serviço da enamorada; 

-Normalmente eram jovens, de espírito rude e sempre prontas a criar intrigas; 

-Outras vezes eram mais velhas e podiam ser donas de uma taberna, a mulher de um criado ou objeto de interesse de um velho.


PERSONAGENS MAIS IMPORTANTES


Arlequim - Arlecchino 






-É um palhaço. Encarnava uma mistura de esperteza com ingenuidade, o empregado trapalhão, ágil e malandro; 

-Geralmente está no centro das intrigas; 

-O papel algumas vezes é substituído pelo Truffeldino, seu filho; 

-Usava inicialmente uma roupa branca e um cinturão, onde carregava um bastonete de madeira, calças brancas, chinelos de couro e gorro branco. Também com roupa branca e preta com estampa em forma de diamantes; 

-Algumas vezes, usa um lenço negro sob o queixo e amarrado no alto da cabeça; 

-Supõe-se que, com o tempo, essa roupa foi ganhando remendos coloridos e dispersos, de onde provém sua atual roupa; 

-Sua máscara possui uma testa baixa com uma verruga. Sua máscara é preta com uma mancha grande e vermelha na testa, semelhante a um furúnculo; 

-Geralmente, é servo de Pantalone, outras de Dottore;

-Bastante estúpido e ganancioso (No sentido gastronômico); 

-Suas acrobacias eram o que o público esperava ver; 

-Sua paixão por Colombina só é superada por seu desejo por comida ou por medo de seu mestre; 

-Ele ama Colombina, mas ela apenas o faz de idiota. Capaz de colocar o patrão ou a si em situações confusas.





Briguela - Brighella 



-Empregado, só é leal para tirar vantagem, é cínico e astuto; 

-Muitas vezes foi retratado como um membro da classe média, como um dono de botequim; 

-Pode ser perigoso e pode até cometer assassinatos ou outros crimes violentos; 

-Ele é egoísta e oportunista; 

-Um trapaceiro de pouca moral; 

-Ele é o iniciador das intrigas; 

-Ele usava uma meia-máscara verde exibindo um olhar de cobiça e ganância sobrenatural; 

-Rival de Arlequino ou de Pantalone; 

-As vezes aparecia como parceiro e irmão de Arlequino; 

-Seus planos eram sempre frustrados pela sua própria inépcia (Falta de competência); 

-É cantor e apreciador da boa música.




Pulcinella






-Também conhecido como Punch;

-É o esquisito, barrigudo inspirador de pena, vulnerável e geralmente desfigurado. Muitas vezes, com uma corcunda e sua máscara preta, traz um nariz grande e curvo, como o bico de papagaio, casaco branco longo, e tem o cabelo solto e desordenado;

-Tem a maldade e egoísmo, que é normalmente coberta por uma ignorância - ou pretensão dos mesmos - como para o mal que está causando; 

-Muitas vezes ele está disposto a cometer o assassinato, mas muitas vezes, encontra uma maneira de fazê-lo parecer um acidente ou mesmo para enganar ou confundir a vítima a se matar;

-Sua forma também pode lembrar uma galinha (Origem do seu nome - do italiano medieval Pollicino , um jovem franga ou frango);

-Muitas vezes, não é capaz de falar e, por isso, comunica-se através de sinais e sons estranhos;

-Tem a voz estridente, lembrando uma ave;

-Sua personalidade pode ser a de um tolo, ou de um enganador.




Scaramuccia - Scaramouche






-É um pilantra, um bufão, retratado como contador de mentiras, um covarde;

-Usa máscara com nariz pontudo e olhos mais esticados, roupas e chapéu de veludo negro. 




Polichinelo




-É um bufão (“Bobo da corte”); 

-Ridículo, sem traquejo e ingênuo; 

-Era caracterizado por uma máscara com um longo nariz, corcunda, barriga proeminente (Que fica mais alto do que os demais; que se destaca. Que segue de maneira saliente), vestido com roupas coloridas ou branca e usando um barrete (Chapéu) sobre a cabeça; 

-Sua voz é esganiçada, anasalada e tremida; 

-A personalidade, entretanto, costumava variar, de acordo com o país: na França, tem um caráter de anti-herói, fanfarrão; na Alemanha assume o papel de bobo; na Inglaterra é esperto e malandro; 

-Para os italianos representaria, ainda, a forma como os estrangeiros veem os naturais do país, em especial na característica do personagem em que enfrenta seus problemas com um sorriso, consciente do jogo dos poderosos que revela publicamente; 

-Derivado do Pulcinella e do Arlequim.



Pierrot - Pedro - Pedrolino




-É o servo fiel, confiável, honesto e devotado a seu mestre; 

-Ele também é charmoso e carismático; 

-A característica principal do seu comportamento é a sua ingenuidade e é visto como um bobo, é enganado, mas mesmo assim continua a confiar nas pessoas; 

-Também é apresentado como sendo lunático, distante e inconsciente da realidade; 

-O seu caráter é aquele de um palhaço triste e apaixonado pela Colombina; 

-Usa roupas brancas folgadas e um lenço no pescoço; 

-Pode não usar máscara; 

-Se usar: máscara de cor branca e com detalhes pretos; 

-Tem uma lágrima desenhada abaixo dos olhos.




Colombina




-É a contrapartida feminina de Arlequim; 

-Usualmente retratada como inteligente e habilidosa, delicada ou ela pode ser ousada e rude; 

-Por vezes é ambiciosa; 

-Uma das personagens mais emblemáticas da commédia dell’arte, cuja mãe e pai são desconhecidos; 

-Geralmente é a criada pessoal da enamorada; 

-Geralmente é a única criada feminina, sendo a mais educada e refinada devido à convivência próxima com Isabella;

-É apaixonada pelo Arlecchino, apesar de ver suas armações; 

-Ela tenta fazer dele uma pessoa mais nobre, mas sabe que é impossível, então o ama do jeito que ele é, mas o faz de bobo também; 

-Algumas vezes, utiliza roupas com as mesmas cores do Arlecchino; 

-Posteriormente seu traje variou de acordo com a moda do dia; 

-Ela frequentemente não usa máscara, embora às vezes ela pode ter um olho-máscara pequena.





Burattino - Burrattino




-Significa madeira, fantoche ou boneco em italiano; 

-De boa natureza; 

-Confiável; 

-Isabella (Enamorada e filha de Pantalone) sempre o escolhe como companheiro em uma viagem; 

-Ele não é geralmente mostrado como inteligente, e é muitas vezes inclinado a gula e a luxúria; 

-Ele é facilmente levado às lágrimas por qualquer tipo de más notícias (Como descobrir que comeram todo o seu macarrão); 

-Ilustrações mostram seu traje sendo uma camisa e uma calça ligeiramente folgadas, decorado com pequenos laços ou fitas e usando uma coleira; 

-O chapéu é uma espécie de tampa plana com uma aba estreita; 

-Foi pouco popular no palco e ele encontrou sua verdadeira fama no teatro de marionetes.


VECCHI



-Representam os de classe social mais abastada; 

-São retratados como egoístas e muito propensos a cometerem todo e qualquer um dos sete pecados capitais (Luxúria, preguiça, avareza, orgulho, ira, gula e inveja); 

-Eles também são muitas vezes hipócritas.




PERSONAGENS MAIS IMPORTANTES






Pantalone - Pantaleão




-É um dos personagens mais velhos da commedia dell’arte;

-Ele é geralmente retratado como sendo da classe comerciante (Ele pode ou não ser rico);

-É alto e magro. Tem a postura fechada. Suas pernas são juntas, os pés ligeiramente abertos e os joelhos flexionados por causa da idade. Sua cabeça e seu quadril são para frente, deixando claro que seu apetite sexual parte da cabeça. Seu abdômen é para dentro;

-Anda com dificuldades e seus movimentos são debilitados devido a idade, porém suas mãos são ágeis;

-Possui uma barbicha pontuda;

-É possível que por alguns instantes Pantalone fique jovem e esqueça sua avareza ao ver uma bela donzela, e que logo em seguida, ao lembrar da presença do seu cobrador, sinta-se muito velho e doente quase para morrer;

-É geralmente tão avesso a gastar algum do seu dinheiro que o seu estilo de vida é quase a de um mendigo;

-É viúvo ou solteiro; 

-Seu traje é composto de uma calça e uma camisa ou então um macacão, geralmente de cor vermelha, com um longo casaco preto ou uma capa jogada sobre; 

-Sua máscara é para retratar um antigo homem velho, muito enrrugada, com um grande nariz comprido; 

-É autoritário com seus filhos e empregados, e não suporta ser questionado; 

-Geralmente tem uma filha em idade de se casar, fazendo o possível para não, pois não quer dar o dote; 

-Os outros tentam tirar proveito de sua avareza; 

-É lascivo (Que ou aquilo que incentiva aos prazeres do sexo; lúbrico - escorregadio), tem atração por donzelas, mas não maior que por dinheiro; 

-É amigo íntimo e muitas vezes rival de Graziano, o que gera intermináveis discussões entre eles, especialmente acerca do casamento entre seus filhos.



Dottore - Doutor





-É o mais velho e rico dos vecchi e transmite a falsa impressão de homem intelectual; 

-Os nomes comuns para o Dottore são: Graziano Baloardo e Spaccastrummolo; 

-É um aristocrata (Aristocracia: é uma forma de governo na qual o poder político é exercido por nobres, pessoas de confiança do Monarca ou do Regente) local, ou doutor em medicina, ou direito ou qualquer outra coisa que ele diz conhecer, que é a maioria das coisas; 

-Tradicionalmente é retratado como tendo sido educado em Bolonha (Cidade italiana); 

-Muitas vezes é extremamente rico, geralmente com o dinheiro “velho”, embora as necessidades do cenário pode ter as coisas de outra maneira; 

-Extremamente pomposo e adora o som da sua própria voz, jorrando palavras em latim e grego; 

-É normalmente retratado como um homem idoso;

-Faz muitas piadas cruéis sobre o sexo oposto;

-Geralmente é interpretado como pedante (Pessoa que faz alarde de si, de conhecimentos ou qualidades superiores aos que possui; afetado; pretensioso; pernóstico; etc.) avarento (“Pão duro”, agarrado ao dinheiro) e sem sucesso com mulheres;

-É um marido ciumento e sua esposa era geralmente infiel;

-Fisicamente é baixo e gordo, contrastando com o físico de Pantalone;

-Usa uma toga (É um tipo de vestido comprido que pode ser usado para homens e mulheres em ocasiões de julgamento em um judiciário ou em formatura) preta com gola branca, capuz preto apertado sob um chapéu preto com as abas largas viradas para cima;

-A sua máscara cobria apenas a testa e o nariz, preta ou de tons de pele e vestimentas pretas e às vezes com um colar branco;

-Sua interação no jogo é geralmente a maior parte com Pantalone, quer como amigo, mentor ou concorrente;

-Tem por vezes um filho interessado em casar com a filha de Pantalone, o que é discutido com frequência entre os dois.







INNAMORATI


-Propósito de estar no amor um com o outro, e além disso, com eles mesmos; 

-Apesar de enfrentar muitos obstáculos, os amantes estão sempre unidos pelo fim, o casamento; 

-Os amantes tendem a ser excessivamente dramáticos em qualquer emoção que eles expressam; 

-A separação de seu amante leva a lamentar fortemente e gemer seu estado, embora, uma vez que eles finalmente se encontram, eles estão em uma perda de palavras; 

-A fim de expressar o que eles realmente querem dizer, eles sempre precisam da ajuda de um funcionário para atuar como um intermediário; 

-Eles sempre envolvem outros personagens para tentar descobrir como eles podem estar juntos, uma vez que eles próprios não são inteligentes o suficiente para descobrir como ficar juntos por conta própria. 

-Os amantes sempre agem de uma forma infantil e imatura;

-Quando não estão recebendo o seu caminho, eles jogam birras como uma criança: eles batem os pés, choram e lamentam as coisas quando não vão de acordo com os seus desejos; 

-Muito egoístas e egocêntricos, os amantes estão em seus próprios mundos em que eles próprios são os temas mais importantes; 

-O ponto principal dos amantes dentro do jogo é ser apaixonado, e ao fazer isso, eles se deparam com obstáculos que os impedem de prosseguir o seu relacionamento; 

-Os amantes são sempre jovens em idade, possuindo cortesia e cavalheirismo; 

-Eles são muito atraentes e elegantes em sua aparência geral; 

-Os vestidos das mulheres eram das melhores sedas e elas usavam jóias com uma característica vistosa (Algo bonito de se olhar, algo/alguém bonito) de estilo renascentista (Redescoberta e revalorização das referências culturais da antiguidade clássica, que nortearam as mudanças deste período em direção a um ideal humanista e naturalista);

-Os homens usavam roupas elegantes, enquanto ambos os sexos usavam perucas extravagantes e também trocavam de roupas várias vezes ao longo do comprimento da produção; 

-Os amantes nunca usavam as máscaras que são características da maioria dos outros personagens.



PERSONAGENS MAIS IMPORTANTES


Orazio




-O enamorado masculino; 

-Podia também apresentar outros nomes, como Flavio, Ottavio, Lelio ou Fulvio; 

-Geralmente é filho de um dos vecchi, Graziano; 

-É egoísta, fútil e vaidoso, vestido sempre na última moda; 

-É também muito ingênuo, sendo alvo fácil das armações do Arlecchino; 

-Se apaixona com extrema facilidade; 

-É jovem e atraente, movido à paixão pelas donzelas e pela vida.


Isabella



-Enamorada feminina, geralmente filha de Pantalone; 

-É sedutora, apesar de inocente, e apaixona-se facilmente; 

-É uma dama refinada e vaidosa, mas também independente e rebelde, o que ocasiona diversos conflitos com seu pai.




VECCHI / ZANNI 


-Na classe de personagem de um vecchio ou um zanni.



Capitano - Capitão




-Excepcionalmente, o personagem do Capitão pode cair tanto no Zanni e no Vecchi e pode até mesmo preencher a parte do innamorato (Enamorado) na ocasião; 

-É um covarde que conta suas proezas de amor e batalhas acabando sempre por ser desmentido; 

-Usava chapéu de penas, botas de cano alto, capa e espada; 

-Forte e imponente, mas não necessariamente heroico, geralmente usa uniforme militar, mas de forma exagerada e desnecessariamente pomposa; 

-O título ele só ganhou através do engano e bravatas (Intimidação, ameaça arrogante); 

-Ele é oportunista e ganancioso; 

-Pode ou não ter uma máscara; 

-Se ele é mascarado, é geralmente cor de carne, com um nariz comprido e bigode que vira para cima nos cantos; 

-Ele também é frequentemente retratado com o uso de óculos.





Tartaglia 





-Ele geralmente é na classe de personagem de um vecchio ou um zanni; 

-Aparece também em muitos cenários como um dos amantes (Innamorati).; 

-A palavra tartaglia significa um gago, e este é o traço principal do personagem; 

-Por uma questão de humor muitas vezes ele vai encontrar-se preso na sílaba mais obscena em qualquer palavra; 

-Pode ser as vezes facilmente enganado; 

-Seu status social varia; ele é, por vezes, um oficial de justiça, advogado, tabelião), químico ou um ministro do rei;

-Míope e Gordo; 

-Ele não parece ter um traje padrão, mas geralmente ele é mostrado em uma vestimenta listrada, como palhaço, verde e amarelo e com um chapéu (Pode ser de feltro - papel feito de lã ou pêlos de animais), como também um enorme casaco, botas, uma espada longa e um bigode gigante; 

-Muitas vezes ele é mostrado com óculos de lentes grossas e quando é destinado a ser velho, sua máscara usa essas qualidades; 

-Um nariz arredondado também é comum.




ESPANHA 







-Começou cedo a sua transição para o teatro;

-Experimentou novas formas na primeira parte do século XVI;

-A comédia se fixa como principal modelo usado no Século de Ouro (1550 a 1650) – Espanha estava no auge do seu poder político;

-Tudo foi sendo transformado lentamente;

-O teatro religioso era amparado pela corte e pela igreja (Jesuítas usavam muito para o ensino);

-No final só século XVI eram numerosas as companhias profissionais que se apresentavam nos pátios dos fundos das irmandades religiosas ou das hospedarias (Corrales – curral em português);

-Muitos teatros foram construídos no formato dos corrales;

-Forma: grande retângulo, tendo na extremidade defronte à porta de entrada um tablado de um metro de altura. No resto havia alguns bancos para a plateia se sentar. No fundo da plateia havia um recinto fechado onde deveriam sentar-se as senhoras das classes mais altas;

-Primeiras peças criadas para atores profissionais eram comédias pequenas de um ato (Entremezes); 

-O teatro espanhol só se estabeleceu no início do século XVII; 

-Quando o gênero das comédias realmente se firmou, os espanhóis entendiam que aquilo significava apenas uma peça em três atos; 

-O termo comédia era designado para todos os outros gêneros de peça; 

-Durante o período (Século de Ouro), foram produzidas inúmeras, com várias classificações e com rótulos diferentes: 

Comedia de capa y espada: Origem no fato dos cidadãos das classes mais altas poderem usar espada e capas elegantes. Os enredos eram sempre de intrigas e romances entre os membros dessas classes; 

Comedia divina: Diferentes das montadas por organizações católicas essa se dividia em comédias bíblicas, de santos e teológicas. O importante era se passar em um mundo cristão;

Comedia villanesca: Acontecimentos passados com a gente do povo, muitas vezes salientando suas relações com a nobreza e o rei (Algumas das melhores peças da época); 

Comedia de intriga: As peças espanholas davam muito valor para o enredo do que à criação do personagem. Esse tipo de comédia depende de ação complicada para atrair o público; 

Comedia novelesca: Como base as novelas (Pequenos romances) de autores como Cervantes; 

Comedia palaciega: Tratava de intrigas amorosas ou das lutas pela importância na corte. Era geralmente elegante e bem trabalhada; 

Comedia de pundonor: O famoso código de honra espanhol era a grande fonte do gênero. O nome é uma contração de punto de honor (Ponto de honra), que obrigava os homens a matar não só quem os ofendia, mas até mesmo inocentes que eles pensavam ter agido contra sua honra. A mulher era a grande vítima; 

Comedia teológica: Tratava de algum ponto da doutrina católica em torno do qual houvesse margem para dúvidas ou polêmicas. 

-Essas são alguns rótulos, que chegavam a mais de cinquenta; 

-Foram inúmeros autores importantes:




Lope Felix de Vega Carpio 

(1562 – 1635)




-Foi um dramaturgo espanhol;

-Tem origens em uma família modesta;

-Era um menino prodígio: com cinco anos já lia em castelhano e latim, com dez anos já fazia traduções do latim para o espanhol;

-Escreveu sua primeira peça aos 11 anos, entrou para a Universidade de Alcalá de Henares (Madrid) aos 14 anos, foi secretário de vários nobres, casou-se duas vezes, teve muitos casos amorosos e vários filhos, que reuniu sob o seu teto depois da morte da sua segunda esposa e depois ele recebeu a ordem sacerdotal. Mesmo assim continuou a escrever para o teatro e fazer suas conquistas;

-Sua produção literária compõe-se de 426 comédias e 42 autos, além de milhares de poesias líricas, cartas, romances, poemas épicos e burlescos, livros religiosos e históricos, etc.;

-Seus contemporâneos o chamaram de "Monstro da Natureza" por ter escrito mais de 1.500 peças de teatro, que pode ser um exagero, embora ainda existam cerca de 500;

-Quem escreve essa quantidade enorme, correndo para atender as encomendas das companhias, não pode produzir sempre obras de qualidade; 

-É inegável o seu talento e muitas de suas obras são importantes para a dramaturgia mundial; 

-De modo geral a primeira peça que se pensa de sua autoria é Fuenteovejuna (A fonte das ovelhas) – o povo se revolta contra a crueldade e a violência de um senhor feudal e quando o rei quer saber quem o matou, toda a população responde em coro “Fuenteovejuna”, o nome da cidade. O rei percebe que é impossível condenar alguém; 

-Em 1606, Lope de Vega publica sua obra "Arte Nuevo de Hacer Comedias" e aponta alguns princípios básicos da produção teatral de sua época: 

Divisão da obra em três atos: apresentação da trama, desenvolvimento e desenlace; 

Ruptura da unidade de ação: várias linhas de enredo correm paralelas; 

Mistura do trágico com o cômico; 

Ruptura das unidades clássicas de tempo e lugar; 

Composição em versos.




Tirso de Molina 

(1579 – 1648)





-Religioso espanhol (Frade da Ordem de Nossa Senhora das Mercês) que se destacou como dramaturgo, poeta e narrador; 

-Poucas notícias sobre sua família; 

-Dizem que seus pais eram humildes criados do Conde de Molina de Herrera e que foi filho ilegítimo do Duque de Osuna; 

-Foi um discípulo fervoroso e amigo de Lope de Vega e estudou também em Alcalá de Henares; 

-Conheceu Vega na cidade de Toledo (Espanha) através de sua vida cultural e se tornaram amigos pelo resto da vida; 

-Tirso foi o primeiro autor a dar profundidade psicológica aos personagens femininos, que se tornaram protagonistas das suas obras; 

-Não fez grandes comédias, mas seu estilo era inventivo e elegante nas obras passadas entre classes altas e a corte, mas recorria, quando necessário, ao palavrão e a obscenidade; 

-Devido a isso em 1625 foi proibido pela Igreja de continuar a escrever peças;

-Sua primeira peça data de 1606; 

-Escreveu (Segundo alguns) quatrocentas peças, das quais restam 90; 

-Duas peças devem ser mencionadas: 

El condenado por desconfiado (O condenado suspeito): Considerada a melhor comédia teológica de todo o século, sobre tentação, culpa, arrependimentos e salvação com elementos sobrenaturais e repleto de simbolismo; 

El burlador de Sevilla (O malandro de Sevilha): Tirso apresenta ao mundo pela primeira vez o mito de Don Juan.



Pedro Calderón de la Barca

(1600 – 1681)





-Foi um dramaturgo e poeta espanhol; 

-Era da pequena nobreza e de família muito rica; 

-Estudou lei canônica e teologia na Universidade de Salamanca (Salamanca), mas em 1620 abandou os estudos para viver apenas do que escrevia; 

-Teve muitas obras variadas em outros gêneros, 111 comédias e 70 autos sacramentales (Auto sacramental), e suas obras religiosas foram os maiores motivos de fama e homenagens durante sua vida; 

Auto é uma composição teatral do subgênero da literatura dramática, surgida na Idade Média, na Espanha, por volta do século XII. De linguagem simples e extensão curta (Normalmente, compõe-se de um único ato), os autos, em sua maioria, têm elementos cômicos ou intenção moralizadora. Suas personagens simbolizam as virtudes, os pecados ou representam anjos, demônios e santos.

-Após a morte de Lope de Vega, Calderón tornou-se o dramaturgo oficial da corte de Felipe IV da Espanha; 

-Durante a sua carreira, a Espanha já estava perdendo o vigor e as glórias, e por isso as normas de conduta, o código de honra eram ainda mais enfatizadas; 

-A inquietação por mudanças já se manifestava na vida da população; 

-Foi muito rígido no cumprimento do código de honra, mas se discute se ele defendia ou criticava esse código; 

-Foi esplêndido compositor de comédias de capa y espada e de comedias de pundonor (El médico de su honra - O médico de sua honra; El pintor de su deshonra - O pintor de sua desgraça); 

-Sua obra mais celebre foi La vida es sueño (A vida é um sonho): comédia filosófica, na qual o príncipe Segismundo passa por duas experiências para aprender que os valores da vida terrena são muito relativos (Apenas sonhos), para que assim possa ser um bom governante; 

-Teve uma intensa carreira militar que o afastava com frequência da vida artística e até mesmo da Espanha; 

-Em 1635 ele foi obrigado a se afastar da vida militar por problemas de saúde;

-Ficou instalado na corte e lá compôs um grande número de obras; 

-Em um primeiro grupo das obras, Calderón reordena, condensa, e reelabora o que em Lope de Vega aparece de maneira difusa e mais caótica, estilizando seu realismo tradicionalista, e voltando-se mais ao cortesão (É a denominação dada aos "gentis homens" que acompanhavam o rei em suas refeições. De forma geral, se trata do homem que compõe uma corte. Este pode exercer diversas funções, desde entreter o rei com músicas, conversas, jogos e danças, a exercer cargos diplomáticos, dar conselhos e ajudar na formação do príncipe). Nelas aparece uma rica galeria de personagens representativos de seu tempo e sua condição social, todos os quais têm em comum os três temas do teatro barroco espanhol: o amor, a religião, e a honra; 

-Em um segundo grupo, o dramaturgo inventa, mais além do repertório cavalheiresco (Àquele que tem bons modos), uma forma poética-simbólica, e configura um teatro essencialmente lírico, cujas personagens se elevam acima do simbólico e espiritual.


TEATRO NA INGLATERRA






-Como na Espanha, não houve nenhuma ruptura na Inglaterra, entre o teatro medieval e o que começou com o Renascimento, embora, também como na Espanha, a Inglaterra tenha uma data certa, correspondendo ao fim da época feudal; 

-Em 1485, na batalha de Bosworth Field, morre Ricardo III e sobe ao trono Henrique VII, o primeiro rei da dinastia Tudor na Inglaterra;

Batalha de Bosworth Field foi à última, e mais significativa, batalha da Guerra das Rosas (Foi uma série de lutas dinásticas pelo trono da Inglaterra, ocorridas ao longo de trinta anos entre 1455 e 1485), a guerra civil entre a Casa de Lencastre (Foi uma dinastia de reis de Inglaterra que governou o país entre 1399 e 1471) e a Casa de York (Foi uma dinastia de reis ingleses do século XV), que se estendeu por toda a Inglaterra no final da segunda metade do século XV.

Dinastia: é uma sequência de governantes considerados como membros da mesma família.

-Nessa época já eram comuns os grupos de “atores” que eram ferreiros, sapateiros, funileiros e outros, que abandonaram suas guildas porque gostavam de fazer teatro;

-Como isso ainda começou a acontecer durante o período feudal, que lutava com unhas e dentes contra e qualquer mobilidade social, eles eram chamados de “homens sem amo”, porque não existia devidamente organizado, o ofício de “ator”, e eles podiam, por isso, serem presos por vadiagem;

Período Feudal: é um sistema econômico, político e social fundamentado na propriedade sobre a terra. Esta pertence ao senhor feudal que cede uma porção dessa terra ao vassalo (É aquele que oferece ao senhor ou suserano fidelidade e trabalho em troca de proteção e um lugar no sistema de produção) em troca de serviços ocasionando uma relação de dependência.

Suserano: para distinguir um nobre que doava algum bem (Normalmente terras, mas podia ser a concessão de impostos sobre uma ponte, o uso de equipamentos agrícolas, o uso de uma fonte d'água, etc.) a outro nobre. Nessa relação, suserano é quem doa o bem e quem o recebe é denominado vassalo.

-A solução que as pequenas companhias de atores encontraram foi a de conseguir um nobre patrono para o grupo para que assim pudessem ter um “amo”, como exigia a lei;

-Com isso, os atores podiam usar o brasão do patrono para escapar da cadeia;

Brasão: é um desenho especificamente criado com a finalidade de identificar indivíduos, famílias, clãs, corporações, cidades, regiões e nações. O desenho de um brasão é normalmente colocado num suporte em forma de escudo usado pelos guerreiros medievais. No entanto, o desenho pode ser representado sobre outros suportes, como bandeiras, vestuário, elementos arquitetônicos, mobiliário, objetos pessoais, etc.;

-O patrono não dava dinheiro ao grupo, a não ser quando o chamava para apresentar um espetáculo em sua casa; 

-Os grupos tiveram que aprimorar mais no repertório quanto na interpretação, pois começaram a viver de bilheteria; 

-No começo foi a de passar o chapéu e posteriormente com vendas de entrada na porta do local; 

-As peças religiosas eram muito encenadas, principalmente as que apresentavam os ciclos da Bíblia (Todos em versinhos, sem inspiração, escritos por algum integrante de cada guilda), e foi aí que apareceram as Moralidades, muito mais elaboradas como dramaturgia, mas também obrigavam os autores a inventar uma trama, embora elas tratassem sempre do mesmo tema: a salvação da alma do homem; 

-Essas Moralidades foram, de modo geral, pesadas, já que eram, na verdade, sermões dramatizados; mas pelo menos uma, Todo mundo, continua a ser interessante e a funcionar bem como teatro; 

-Os que viviam do teatro foram proibidos de apresentarem peças religiosas e assim houve a necessidade do surgimento de novos autores e de novos textos; 

-Os primeiros temas foram inspirados pelo mundo à volta do autor com acontecimentos da vida diária da sociedade;

-No principio foram escritas muitas coisas ruins pelo fato de muitos estarem aprendendo a dominar a forma dramática;

-A Renascença e seu teatro custaram a atravessar o canal da Mancha e chegar a Inglaterra;

Renascença: o período da História da Europa aproximadamente entre fins do século XIV e início do século XVII. O período foi marcado por transformações em muitas áreas da vida humana. Apesar destas transformações serem bem evidentes na cultura, sociedade, economia, política e religião, caracterizando a transição do feudalismo para o capitalismo (É um sistema econômico em que os meios de produção, distribuição, decisões sobre oferta, demanda, preço e investimentos são em grande parte ou totalmente de propriedade privada e com fins lucrativos e não são feitos pelo governo. Os lucros são distribuídos para os proprietários que investem em empresas. Predomina o trabalho assalariado) e significando uma ruptura com as estruturas medievais. Chamou-se "Renascimento" em virtude da redescoberta e revalorização das referências culturais da antiguidade clássica, que nortearam as mudanças deste período em direção a um ideal humanista (É a filosofia moral que coloca os humanos como principais, numa escala de importância) e naturalista (É uma escola literária conhecida por ser a radicalização do Realismo, baseando-se na observação fiel da realidade e na experiência, mostrando que o indivíduo é determinado pelo ambiente e pela hereditariedade - é o conjunto de processos biológicos que asseguram que cada ser vivo receba e transmita informações genéticas através da reprodução);

Canal da Mancha: é um braço de mar que é parte do oceano Atlântico e que separa a ilha da Grã-Bretanha do norte da França e une o mar do Norte ao Atlântico.

-Sua chegada coincide com a chegada dos Tudors (Dinastia) ao governo, especialmente a partir de Henrique VIII (Rei da Inglaterra de 1509 até 1547), que nasceu em 1491 e portanto ainda era criança no início do novo século; 

-A Primeira forma de teatro a aparecer na Inglaterra com maior frequência na primeira metade do novo século foi o interlude, muito parecido com o entremés espanhol; 

Interlude: Uma obra curta, como uma peça em um ato, quase sem ação, onde os atrativos e o sentido fundamental da peça aparecem pela primeira vez no diálogo; 

-Por ironia a Igreja, responsável pelo renascimento do teatro uns quatrocentos anos antes, estava em crise por conta da Reforma, e muitos Interlúdios faziam críticas ferozes à corrupção de muitos padres; 

Reforma: Uma insatisfação aos abusos da igreja. Com a excessiva acumulação de bens pela igreja, a grande preocupação material desta e a luxuria que parte de seus sacerdotes viviam. Também havia sérios problemas no respeito às próprias convicções católicas, tendo muitos sacerdotes entrando em desvios de seus dogmas como o desrespeito ao celibato e o descaso com os cultos e ritos religiosos. Somando-se a isso existe o próprio processo de formação da burguesia comercial, que era condenada pelos padres por usura e o lucro, causou descontentamento por parte dessa classe emergente.

Celibato: o estado de uma pessoa que se mantém solteira, sem obrigação de manter a virgindade, podendo ter relações sexuais. No entanto, o termo é popularmente usado para descrever uma pessoa que escolhe abster-se de atividades sexuais. 

Dogma: é uma crença ou doutrina estabelecida de uma religião, ideologia ou qualquer tipo de organização, considerada um ponto fundamental e indiscutível de uma crença. 

Usura: em seu sentido original, são juros excessivos cobrados por um empréstimo, em uma determinada quantia de dinheiro. 

Burguesia: originalmente era uma classe social que surgiu na Europa na Idade Média (Séculos XI e XII). No mundo ocidental, desde o final do século XVIII, a burguesia descreve uma classe social, caracterizado por sua propriedade de capitais, sua relacionada "cultura“ e sua visão materialista do mundo. Na contemporânea teoria social (É uma ferramenta essencial para a análise da sociedade) o termo burguesia denota a classe dominante das sociedades capitalistas. Inicialmente os burgueses eram os habitantes dos burgos (Pequenas cidades protegidas por muros), estes eram pessoas que dedicavam-se ao comércio de mercadorias (Roupas, especiarias, joias, etc.) e prestação de serviços e não eram bem vistas por integrantes da nobreza, que até então eram os principais detentores do poder. Desprezados pelos nobres, estes burgueses eram herdeiros da classe medieval dos vassalos e alguns séculos mais tarde, serviriam de base para o surgimento do capitalismo.


Reforma Luterana 


-O sacerdote alemão, Martin Lutero (1483-1546), foi o primeiro a opor-se de forma mais elaborada contra a Igreja. Ele fixa 95 teses na porta da Igreja de Wittenberg (Cidade alemã) questionando as posturas tomadas pela Igreja. Nas 95 teses Lutero condenava principalmente a venda de indulgências (Perdão) e o culto às imagens. Devido a essas teses Lutero foi excomungado pelo papa; 

-Lutero foi favorecido em suas pregações devido ao fato de na região da atual Alemanha, onde ele vivia, havia muita miséria por parte dos camponeses, que condenavam a Igreja por isso. Além disso, havia grande interesse da nobreza daquela região pelas terras da Igreja Católica; 

-Apesar do apoio dos camponeses a Lutero em uma revolta de camponeses, liderada por Thomas Münzer (Teólogo alemão), contra os sacerdotes ricos e grandes proprietários, Lutero apoiou o massacre dessa revolta, recebendo em troca novas adesões por parte das camadas mais abastadas. 


Reforma Calvinista 


-João Calvino (1509-1564), foi um teólogo cristão francês, entre os primeiros adeptos das ideias de Martin Lutero, mas com o tempo começou a defender que a salvação vinha pelo trabalho justo e honesto e que o enriquecimento era apenas uma graça divina, não podendo ser condenado, mas sim que era uma predestinação divina e que nada podia ser feito para mudar isso. Com esse pensamento Calvino acaba atraindo muitos comerciantes e banqueiros.


Reforma Anglicana 


-Na primeira metade do século XVI, o rei Henrique VIII (1509-1547), que fora aliado do papa, funda a nova igreja, devido à negação do papa a seu pedido de divórcio. Tal rompimento teve adesão do alto clero (Designa o conjunto de sacerdotes ou clérigos ou ainda ministros sagrados responsáveis por um culto religioso) inglês e do parlamento; 

-Além disso, esse rompimento também foi causado pelo fato da Igreja Católica ser detentora de grande parte das terras inglesas, o que gerava a cobiça da nobreza inglesa; 

-Aliando-se a isso, havia a necessidade de enfraquecer o grande poder político da igreja inglesa. 


Contra-Reforma 


-Frente aos movimentos de ruptura com a Igreja Católica, esta primeiramente começou um processo de perseguição, que não teve grandes frutos. Diante disso começou-se a reconhecer a ruptura protestante e, juntamente a isso, começou um movimento de moralização e reorganização estrutural da Igreja Católica. Entre essas medidas destacam-se:


Criação da Ordem dos Jesuítas: Fundada em 1534, pelo militar espanhol Inácio de Loyola, os jesuítas (É uma ordem religiosa fundada por um grupo de estudantes da Universidade de Paris) consideravam-se soldados da igreja e possuíam uma estrutura militar, que tinha por função combater o avanço protestante com as armas do espírito, através da catequização e da conversão ao catolicismo. No âmbito da catequização, destaca-se o trabalho dos jesuítas nas novas terras descobertas, visando converter os não cristãos; 

Concílio de Trento: Em 1545, o papa Paulo III, convocou reuniões entre católicos, realizadas inicialmente na cidade de Trento. Esse apresentou, ao final de 18 anos, um conjunto de decisões para garantir unidade católica e disciplina eclesiástica e reafirmando o dogma católico; 

-Eclesiástica: relativo ou pertencente à igreja, ao clero e sacerdócio, ou seja, seu corpo ministerial de obreiros, líderes religiosos e administradores. 

Inquisição: O tribunal da Inquisição foi criado em 1231, mas com o tempo foram reduzindo suas atividades. Mas com o avanço do protestantismo eles foram reativados em meados do século XVI. Entre suas atividades foram criadas listas de livros proibidos e julgaram os que discordavam da Igreja Católica. 

Protestantismo: é um dos principais ramos do cristianismo. Este movimento iniciou-se na Europa Central no início do século XVI como uma reação contra as doutrinas e práticas do catolicismo romano medieval.


LUTERO



CALVINO




Voltando 

-Nos interludes, como no caso da Peça do tempo, aparecem pela primeira vez deuses da antiguidade, tendo Júpiter como a personagem principal; 

-Para o teatro inglês florescer foram necessários 3 elementos importantes: 


1-Uma língua apta para expressar com beleza essa espécie de pensamento; 

Obs: Tinha um limite de duração de espetáculo (3 a 4 horas). 


2-Uma casa que o teatro pudesse se apresentar regularmente, sem ficar saltando de um lugar para o outro. Em 1576, um antigo carpinteiro que abandonou a profissão pelo teatro, chamado James Burbage (1531-1597) – foi ator, empresário e conde - construiu o primeiro edifício da Inglaterra com o fim específico de ser um teatro, e foi chamado de The Theare. Foi inspirado na longa experiência dos atores no uso das carroças nos pátios centrais das hospedarias e com isso Burbage fez aparecer o “teatro elizabetano”;



Forma: O quadrilátero (É um polígono - é uma figura plana limitada por uma linha poligonal fechada. A palavra "polígono" vem da palavra em grego "polúgonos" que significa ter muitos lados ou ângulos - de quatro lados) onde antes ficavam os quartos passou a abrigar, em três lados, arquibancadas, e o local onde antes os atores encostavam suas carroças virou um palco, agora com mais espaço, e duas portas para a estrutura da última parede onde ficavam os camarins, e tudo o que fosse necessário para os espetáculos. As arquibancadas tinham dois andares, e no nível mais alto aparecia o chamado “palco superior”, onde a Julieta podia aparecer no balcão, por exemplo. 



Polígano 




Quadrilátero 





3-Desenvolvimento cultural da própria sociedade inglesa; 


-Elizabeth I subiu ao trono em 1558, e em seu reinado o país progrediu muito em condição de vida;

-Seu pai, Henrique VIII, concedeu muitos títulos a uma grande quantidade de ricos burgueses protestantes com o objetivo de equilibrar a ordem religiosa da nobreza; 

-Na Inglaterra sempre foi uma tradição premiar com promoções sociais os que prestavam bons serviços à nação; 

-Com isso houve a tendência de se caprichar mais nas decorações das casas, nos trajes, na educação, na leitura e na música. Esse público mais requintado não se dava mais por satisfeito com os maus versos do teatro popular, mesmo que ainda o apreciasse muito; 

-O texto teatral começou a ser aprimorado quando os elementos citados acima foram reunidos em um mesmo momento; 

-A situação na Inglaterra estava passando por um momento crucial para a transformação da dramaturgia: os textos que queriam imitar os clássicos tinham forma, mas não tinham público e o teatro popular tradicional não tinha forma, mas tinha público; 

-Naquele momento a nobreza e a burguesia mais abastada queriam entretenimentos mais sofisticados; 

-Nos meados de 1550 apareceram as duas comédias inglesas inspiradas na forma clássica romana, e a primeira tragédia imitando Sêneca – escritor romano - Gorboduc, mas no palco não atraiu muito público;

-Foram os poetas que encontraram a solução para o teatro porque se interessaram pela forma dramática;

-A principio, eles escreveram obras altamente poéticas para espetáculos com os meninos cantores da capela da Rainha, ou de vários nobres, mas como eles, ainda tão jovens, não eram bons atores, o texto realmente dependia, mas que tudo, da poesia, que provocava a imaginação do ouvinte;

-O que é chamado de “teatro elisabetano” apareceu no fim de 1587 e início de 1588, com a estreia de duas peças: “Tarmalão” (Christopher Marlowe) e “A tragédia espanhola” (Thomas Kyd);

-O grande sucesso dessa dramaturgia inglesa se deu pela ação intensa e livre, sem limitações de tempo ou espaço e a mistura do cômico e o sério;

-Por outro lado, do teatro romano os novos autores tiraram o que podia realmente fazer o teatro dar um salto qualitativo: uma trama longa e complexa, em vez dos pequenos episódios bíblicos, o texto harmonioso e sonoro, elaborado com poesia e personagens bem caracterizados, capazes de expressar toda espécie de emoção;

-A poesia do texto era tão importante que, naquele tempo, o público ia ao teatro “ouvir” uma peça, não “ver”;

-O grupo de jovens autores que apareceu a essa altura usava o verso branco, ou seja, sem rima (Cada verso tinha dez sílabas), que além de bonito e sonoro ajudava o ator encontrar seu personagem;

-Seja por não conhecer as regras que os italianos tinham ou por ignorá-las, os ingleses criaram uma grande variedade de gêneros: aventuras dos romances, heróis históricos ou imaginários, as recentes descobertas, a vida nas cidades, etc., enfim tudo o que podia ser misturado a fim de atrair o espectador;

-A grande vantagem que os escritores ingleses tiveram dos espanhóis foi à separação da Igreja inglesa da romana;

-Sem a obrigação de seguir os preceitos do catolicismo, houve espaço/liberdade para colocar em cena grandes conflitos trágicos, nos quais eram apresentadas as grandes questões de valores morais, sem obediência ao que Roma determinava;

-A figura mais representativa desse teatro foi William Shakespeare; 

Christopher Marlowe (1564-1593): Foi um dramaturgo, poeta e tradutor inglês. Renovador da forma do teatro do período com a introdução dos versos brancos, estrutura que será empregada por Shakespeare;

Thomas Kyd (1558-1594): Foi um dramaturgo inglês.



WILLIAM SHAKESPEARE 

Ser ou não ser, eis a questão!





-Nasceu em Stratfor – upon – Avon em 23 de abril de 1564 e faleceu na mesma cidade, no mesmo dia de nascimento em 1616; 

-Foi um poeta e dramaturgo inglês, tido como o maior escritor do idioma inglês e o mais influente dramaturgo do mundo; 

-De suas obras restaram até os dias de hoje: 38 peças, 154 sonetos, dois longos poemas narrativos, e diversos outros poemas; 

-Suas peças foram traduzidas para os principais idiomas do globo, e são encenadas mais do que as de qualquer outro dramaturgo; 

-Shakespeare produziu a maior parte de sua obra entre 1590 e 1613; 

-Em 1623 dois de seus antigos colegas de teatro publicaram o chamado First Folio, uma coletânea de suas obras dramáticas; 

-Sua reputação só viria a atingir o nível em que se encontra hoje no século XIX. 


PRINCIPAIS OBRAS 



Comédias: O Mercador de Veneza, Sonho de uma noite de verão, A Comédia dos Erros, Os dois fidalgos de Verona, Muito barulho por coisa nenhuma, Noite de reis, Medida por medida, Conto do Inverno, Cimbelino, Megera Domada e A Tempestade. 

Tragédias: Tito Andrônico, Romeu e Julieta, Julio César, Macbeth, Antônio e Cleópatra, Coriolano, Timon de Atenas, O Rei Lear, Otelo e Hamlet. 

Dramas Históricos: Henrique IV, Ricardo III, Henrique V, Henrique VIII.

SHAKESPEARE’S GLOBE THEATRE




Obs: Muitas outras informações sobre o autor no blog no post WILLIAM SHAKESPEARE !



TEATRO ELIZABETANO





-Sua construção foi inspirada nos circos da época, usava no início, locais improvisados e abertos; 

-Seu teatro continha a seguinte estrutura: um edifício voltado para um grande pátio, composto por três andares, com o palco no fundo superior e plateia. O palco em até três níveis para que várias cenas sejam representadas simultaneamente. Havia uma nítida separação, pois um terço das galerias fornecia os lugares para os mais afortunados, a “sala dos cavalheiros” ou “dos senhores”, enquanto pessoas comuns se acomodavam no pátio, em pé ou sentados, ou também em arquibancadas nos camarotes populares; 

-Depois as companhias foram se estabilizando e foram construídos outros tipos de teatros; 

-O edifício teatral consistia em uma construção muito simples, de madeira ou de pedra, frequentemente circulares ou hexagonal (Que tem 6 lados), e dotados de um amplo espaço interno. Nas laterais e ao fundo haviam as salas para maquilagem, salas dos figurinos ou guarda roupas e outros para o depósito de material cênico; praticamente não havia decoração. Na parte de cima havia uma casinha por onde desciam os deuses ou seres superiores. Duas pilastras sobre o palco sustentavam o teto que sempre representavam o céu. E para efeitos especiais temos no centro do palco o alçapão, utilizado para fazer sumir algum personagem, e por fim o porão que proporcionavam novos efeitos de acordo com o tema;

-Quando o espetáculo estava prestes a começar, ouvia-se um soar de trombetas. As bandeiras içadas eram sinal de espetáculo.


TEATRO NA FRANÇA







-A França é um caso muito especial;

-O teatro medieval foi riquíssimo, com imensa variedade de temas, e desde o começo já começaram a aparecer obras dramáticas na língua que viria a ser o francês;

-Na dramaturgia religiosa foram escritas muitas obras (milagres) que contavam os feitos dos santos, principalmente da Virgem Maria, mais as “paixões” que eram apresentadas nas praças foram as mais notáveis, com múltiplos cenários (mansões) e que duravam dias ou semanas;

-O mais importante é o teatro que aparece fora da Igreja, pela criatividade dos autores;

-Data do século XIII “O Jogo de Robin e Marion”, que já foi chamado de o primeiro musical do mundo ocidental, versão dramática de uma história do gênero pastoral com cenas alternadas na corte e no campo, tudo entremeado de canções;

-As melhores coisas que apareceram na França medieval foram a farsa e a sottie, ambas compostas por peças curtas de trezentos ou quatrocentos versos, mas diferentes entre si;

Farsa: apresentava geralmente quatro ou cinco personagens, e quase sempre tratava de alguém enganando alguém, muitas vezes com o que parecia mais esperto sendo enganado no final.

-A mais famosas das150 farsas francesas da época que ainda existem é a “Farsa do advogado Pathelin”; 

Sottie (vem da palavra sot, bobo ou tolo): é muito mais crítica, apontando erros de comportamento, inclusive com a Igreja;

-Os problemas começam a surgir na fase de transição para a Renascença, quando o uso do palco múltiplo de mansões é muito caro para os atores profissionais que começam a aparecer;

-A Confrérie de la Passion (Confraria da Paixão) era, a principio, uma irmandade que só montava peças religiosas apoiadas pela Igreja, mas depois de algum tempo seus atores resolveram se profissionalizar e o grupo começou a montar textos novos e bem poucos religiosos;

-Se instalaram em paris, no Hotel de Bourgogne, na primeira parte do século XVI, mas 1548 foram proibidos de montar textos religiosos, mesmo ficando com o uso da sala;

-Houve um grande problema, pois a Confraria ficou com exclusividade para a apresentação de teatro em Paris. Eles alugavam o Hotel, para outros grupos montarem espetáculos, mas mesmo que alguém arrumasse outro lugar deveria pagar licença para a Confraria pela licença de exclusividade de montagem que eles tinham;

-Com isso o teatro profissional começou a se apresentar mais fora da cidade, principalmente nas feiras que eram realizadas na primavera e no outono;

-Foi para esses teatros alternativos que escreveu Alexandre Hardy (1570/1572-1632), que foi um dramaturgo francês, o único da época cujas peças seguiam o exemplo dos melodramas e comédias espanhóis;

-Escreveu centenas de peças, mas nunca teve o apoio da corte e acabou enveredando pelo popularesco, coisas sem qualidade, para o público nada exigente, que só queria distração barata;

-O problema da França é que esteve presa em conflitos religiosos durante quase todo o século XVI;

-Henrique IV de Navarra, protestante (Reação contra as doutrinas e práticas do catolicismo romano), se tornou herdeiro do trono;

-Depois de ser coroado, ele ficou famoso como um rei bom e até heroico, mas o clima durante seu reinado não era favorável a grandes atividades artísticas;

-Por outro lado as teorias literárias que haviam aparecido na Itália com o Renascimento afetaram profundamente a vida literária francesa, criando regras e requintes que geraram uma literatura voltada para o público da corte;

-Tudo isso atrasou o desenvolvimento teatral francês;

-Só floresceu no século XVII, no reinado de Luis XIV;

-O primeiro grande nome a aparecer foi o de Pierre Corneille (1606 - 1684), que foi um dramaturgo de tragédias francês que escreveu “O Cid” em 1636;

-Corneille foi influenciado pelo teatro espanhol e a peça acima citada se trata de patriotismo, de paixão e de honra;

-Muitos condenaram a peça, porque a ação se desenrolava em vários pontos, o que levava esses supostos especialistas a declarar que ninguém podia saber onde os personagens estavam;

-Corneille apelou para o ministro do rei, o Cardeal Richelieu e este o mandou ser julgado pela Academia Francesa, e a obra foi condenada;

-Durantes vários anos não escreveu nada, e quando voltou ao teatro suas peças já obedeciam a tudo que o neoclassicismo mandava;


Resumindo:


Neoclassicismo: Teve como base os ideais do iluminismo e um renovado interesse pela cultura da Antiguidade clássica, advogando os princípios da moderação, equilíbrio e idealismo como uma reação contra os excessos decorativistas e dramáticos do Barroco;

Iluminismo: Procurou mobilizar o poder da razão, a fim de reformar a sociedade e o conhecimento herdado da tradição medieval;

Barroco: Certo modo foi uma continuação natural do Renascimento, porque ambos os movimentos compartilharam de um profundo interesse pela arte da Antiguidade clássica, embora interpretando-a diferentemente. Enquanto no Renascimento o tratamento das temáticas enfatizava qualidades de moderação, economia formal, austeridade, equilíbrio e harmonia, o tratamento barroco de temas idênticos mostrava maior dinamismo, contrastes mais fortes, maior dramaticidade, exuberância e realismo e uma tendência ao decorativo, além de manifestar uma tensão entre o gosto pela materialidade opulenta e as demandas de uma vida espiritual;


-O teatro dos profissionais, que não tinham dinheiro para os grandes espetáculos, assim como os realizados pela Igreja e nem para os eventos cívicos dos reis e dos príncipes, o teatro clássico francês, de modo geral, era apresentado diante de um único telão pintado, que apenas sugeria algum local não muito individualizado de um palácio;

-Só trinta anos depois de “O Cid” é que apareceu a primeira obra de Jean Racine (1639-1699), que foi um poeta trágico, dramaturgo, matemático e historiador francês;

-Racine estudou em um colégio jansenista (Uma doutrina do catolicismo de excepcional rigor, causa de grandes polêmicas) e muito jovem escreveu alguns versos religiosos e tentou obter algum posto eclesiástico;

-Como não conseguiu resolveu dedicar-se exclusivamente á literatura;

-Em 1665 ele conseguiu que a companhia de Molière montasse a sua primeira peça, “A Tebaida”;

-A peça fez razoável sucesso, e, já conhecido quando escreveu sua segunda tragédia, traiu o amigo e entregou “Alexandre” à companhia do Hotel Bourgogne – por ser mais especializada em tragédia - maior rival da companhia de Molière;

-Racine no teatro obedecia a todas as regras, concentrando-se em apenas temas clássicos e pouca ação em cena;

-Empenhado em sua carreira, ele não se importava de agir de forma condenável em relação a seus colegas escritores;

-Quando descobriu que Corneille, já envelhecido, estava escrevendo “Titus e Berenice”, ele rapidamente escreveu “Berenice”, com um estilo mais na moda, estreou uma semana depois e humilhou seu rival;

-Com o seu comportamento ele “ganhou” muito inimigos, e o que ele fez com Corneille foi feito com ele próprio;

-Quando ia estrear “Fedra” (1677), a mais notável tragédia dele, seus inimigos encomendaram ao medíocre, mas popular Pradon, uma obra sobre o mesmo tema, e de momento, esse último fez mais sucesso;

-Além do mais, esse mesmo grupo de inimigos comprou toda a lotação do teatro para a estreia de “Fedra” e o deixou vazio;

-O desgosto de Racine foi tamanho que ele resolveu nunca mais escrever para o teatro, muito embora, é claro, continuasse a escrever poesia;

-Em 1773 ele havia sido eleito para a Academia Francesa e, depois de largar o teatro, foi nomeado historiógrafo do rei, com obrigação de acompanhar Luís XIV tanto na guerra como na paz, a fim de deixar um relato de toda a sua vida;

-Quando ocupava esse cargo disse: “A verdade é fácil de escrever; difícil é descobrir qual é ela.”;

-Muitos anos mais tarde, por insistência de Mme. De Maintenon (Amante e mais tarde esposa morganática do rei, isto é, sem direito a ser rainha) ele escreveu duas peças para serem apresentadas pela alunas da escola de Saint-Cyr, que ela fundara para a educação de moças pobres vindas de boas famílias;

Peças: “Esther (1689) e Athalie (1691);

-O sucesso de Racine foi tamanho que influenciou inúmeros autores de outros países, mas sem o mesmo talento dramático ou poético, tentando escrever no mesmo gênero;

-As fórmulas que obrigavam as tragédias a tratar de figura mitológicas da Antiguidade acabou sendo muito prejudicial para o desenvolvimento do teatro;

-Só quando a situação política se alterou é que também no teatro houve mudanças radicais.



Jean-Baptiste Poquelin (Molière)

(1622-1673)




-Filho de “tapeceiro do rei”, uma das pessoas responsáveis por instalar tapetes e cortinas nos vários palácios de Luís XIV; 

Obs: Vale lembrar que as tapeçarias de parede eram importantes no mobiliário, porque ajudavam a aquecer os ambiente. 

-Recebeu boa educação em bons colégios e herdaria o emprego do pai se não preferisse o teatro; 

-Aos 18 anos pediu ao pai que lhe desse sua parte na herança e, com um pequeno grupo de amigos, fundou o Ilustre Théâtre; 

-Tentaram logo se apresentar como profissionais, perderam tudo e acabaram na cadeia; 

-O pai de Molière o salvou do aperto, com o filho mudando de nome para não comprometer a família; 

-A partir daí o jovem grupo passou a ser itinerante, numa companhia chefiada por Charles Dufresne; 

-Durantes os 14 anos seguintes, a companhia apresentou seus espetáculos por boa parte da França;

-Quando as peças que o grupo levara consigo começaram a se esgotar, Moliére foi levado a escrever novos textos;

-É muito difícil saber quando Molière começou a se interessar pelo teatro, embora que muitas vezes o teatro era usado nas escolas;

-Consta que durante algum tempo ele estudou com Scaramouche, um famoso ator da Commedia dell’ arte, quando este estava estabelecido com uma companhia em Paris sob proteção do rei;

-Esse fato pode ter comprovação com as inúmeras peças de um ato que Molière escreveu terem sido inspiradas em enredos de roteiros de comédias italianas;

-Em 1658 a companhia (Que Moliére trabalhava) se apresentou no norte da França para o irmão do rei, o príncipe de Conti, que se divertiu o bastante para conseguir que Molière se apresentasse diante do monarca;

-O rei também se divertiu e deu ao grupo o horário alternativo no teatro do Petit Bourbon, onde os italianos ocupavam os melhores dias;

-Pouco tempo depois Molière já apresentava sucessos como “As preciosas ridículas”;

-Quando foi reconstruído o Palais Royal, Molière passou a ser o concessionário e na tentativa de ser levado a sério escreveu seu único fracasso “Don Garcie”, que ele chamava de “comédia heroica”; 

-Logo depois, no entanto, alcançou imenso sucesso com “A escola de maridos”;

-Pouco tempo depois de ter se casado com Armande Béjart, muito mais nova do que ele, escreveu “A escola de mulheres”;

-Molière produziu uma bela carreira;

-Muitas comédias e comédias balé (Muita música e dança, cujo se destaca “O burguês fidalgo”);

-Com o tempo ele foi aperfeiçoando seu domínio da forma dramática;

-Se no início ele dependia mais de ação física e complicações na trama, com personagens de comportamento já conhecidos, com o tempo ele alcançou o alto nível da chamada comédia de caráter;

-Nessa forma, os protagonistas são individualizados e complexos como: “O avarento” ou “Georges Dandin”;

-Sua crítica de costumes se aprofunda e alcança problemas sociais de maior significação;

-Como em: “Tartufo” (1664), ataque claro á hipocrisia religiosa de toda uma parte do clero conhecida como “o partido dos beatos”;

-Esse partido tinha muita força e proibiu que a comédia fosse representada, até receber cortes e alterações que mais tarde foram desaparecidas;

-No ano seguinte escreve “Don Juan”, que o rei impediu que fosse proibida, acusada de obscenidade;

-Provavelmente ele escreveu para dizer aos beatos que se queriam encontrar grandes pecadores deviam olhar para os abusos da nobreza e não para os atores;

-Depois escreve “O misantropo”;

-Posteriormente escreve uma pequena série de sucessos menores;

-Em 1673 é apresentada sua última comédia balé, “O doente imaginário”;

-Estando já muito agravada a tuberculose e como não havia cura, o levou a criticar os médicos em várias obras;

-Molière que trabalhava como ator foi aconselhado a não subir ao palco;

-Alegando que os atores precisavam do que ganhariam com os espetáculos ele subiu para interpretar Argan, o hipocondríaco doente imaginário, sofreu uma grave crise ainda no palco e morreu mais tarde na mesma noite;

-Naquele tempo na França, os atores era tidos em tão má conta que não podiam ser enterrados em cemitérios católicos, e pela última vez o rei intercedeu por Molière e foi garantido ao monarca que, discretamente, ele (Molière) seria enterrado em campo santo;

-Ninguém sabe onde está enterrado o maior autor teatral da França.



FRANÇA E INGLATERRA






-Em 1660 foi restaurada a monarquia na Inglaterra;

-Depois de quase 20 anos de exílio o rei e a nobreza haviam ficado acostumados ao teatro feito em outros lugares, principalmente na França;

-Quando Charles II assumiu o trono, ele deu licença de funcionamento para duas companhias teatrais;

-Thomas Kiligrew (1612-1683) foi um dramaturgo inglês e foi responsável por uma das companhias, construiu um teatro igual aos vistos na França, ou seja, do tipo italiano;

-William Davenant (1606-1668) foi um poeta e dramaturgo inglês e responsável pela outra companhia, improvisou um palco também italiano, no espaço de uma antiga quadra de tênis;

-Ninguém mais se lembrava do formato do “palco elisabetano” e das peças de Shakespeare terem sido escritas para aquele formato;

-As novas peças escritas eram imitações do que se fazia na França;

-O que apareceu de mais inglês foi uma brilhante série de comédias que passou a ser chamada de “teatro da restauração”, em um tom de espetáculo novo (pela primeira vez mulheres pisavam nos palcos ingleses);

-A Restauração não fez contribuição significativa, mas comédias desse período são famosas: 

-Escritas com diálogos brilhantes, quase todas falam de intrigas amorosas, adultérios e rivalidades por sucesso na sociedade. 

-Apesar dos teatros serem abertos ao público, os autores escreviam voltados para a alta sociedade e a corte; 

-A classe média ficava chocada com o que era feito e dito no palco e se mantinha afastada dos teatros. 


SÉCULO VXIII: A ASCENSÃO DA BURGUESIA




-O século XVIII é de grandes transformações, pois começa com a monarquia francesa ainda em seu esplendor, mas termina com a Revolução Francesa; 

-No teatro é refletido que os tempos estão mudando; 

-Em 1707 Alain-Réné Lesage (1668-1747) foi um romancista e dramaturgo francês, escreve “Tucaret”: que expressa e denuncia a importância do dinheiro para subir na vida, as vezes por negócios escusos, e casamentos interesseiros, extorsão ou suborno. A peça é bem armada e faz critica severa aos hábitos da época; 

-Primeira metade do século, quando a influência do classicismo ainda é grande o melhor autor francês é Pierre Carlet de Chamblain de Marivaux (1688-1763);

-Fez sucesso com comédias leves de intrigas de amor e das descobertas que cada um faz de si mesmo ao se apaixonar; 

-A ação já não se passa na corte e o autor procura ações um pouco mais próximas do dia-a-dia; 

-Outro indicador de um novo público é o aparecimento da chamada “comédie larmoyante” (comédia lacrimejante ou chorosa), criada por La Chaussée (1692-1754), um dramaturgo francês, que atrai um público mais popular; 

-Comédias mais melodramáticas semelhantes as telenovelas de hoje em dia; 

-Denis Didorot (1713-1784), filósofo e escritor francês, escreveu algumas das primeiras peças sobre a vida da classe média da época (França), que estava ansiosa para se ver em cena, mas nenhuma resistiu à passagem dos séculos; 

-”O filho natural” e “O pai de família” são as mais conhecidas; 

-Para o teatro é o ensaio “O paradoxo do ator”, que investiga a relação entre emoção e o controle mental na interpretação, e já apresenta uma visão menos artificial, mais natural do jogo cênico;

MUDANÇAS SOCIAIS 



-Não foi só na França que esse tipo de transformação se deu; 

-Na Inglaterra, o neoclassicismo dominou a primeira metade do século XVIII; 

-Muitos autores tentaram escrever tragédias como Racine, mas acabaram como maus imitadores de Shakespeare; 

-O próprio Shakespeare sofreu no período, porque sua obra era considerada “selvagem” e muitos tentavam corrigir suas peças, a fim de as fazer obedecer às famosas regras de tempo, lugar e gênero;

Exemplo: “Rei Lear” – que só foi montada tal como Shakespeare a escreveu após 135 anos; 

-Uma nova dramaturgia apareceu na Inglaterra para a classe média, e o caso mais famoso é o de “O comerciante de Londres” (1731), do dramaturgo francês George Lillo (1691-1739), chamada de “tragédia doméstica”; 

George Lillo (1691-1739): foi um inglês dramaturgo e trágico. Ele era um joalheiro de Londres, bem como dramaturgo. 

-Na peça os aprendizes do comércio de Londres eram alertados contra os atos que poderiam levá-los a perdição. George Bromwell se apaixona por uma prostituta exploradora, rouba o patrão e cai em desgraça; 

-Consta que durante vários anos, os comerciantes de Londres financiavam uma apresentação por ano da peça e mandavam todos os aprendizes para participarem, pensando que assim a peça serviria como uma lição de moral; 

-Essa peça junto com a outra, “A curiosidade fatal”, também de Lillo, teve grande influência sobre o trabalho de Diderot na França;


REVOLUÇÃO FRANCESA




-Aconteceu no final do século XVIII, em 1789; 

-Toda a atividade teatral que aconteceu depois dela refletiu as vastas mudanças que determinou; 

-A Revolução foi o resultado da indignação da burguesia, que via os nobres viverem sem pagar impostos, do trabalho do “terceiro estado”, isto é, a grande maioria do povo que vivia e trabalhava em suas terras; 

-Indagavam os burgueses - que cada vez mais faziam crescer as cidades e fabricavam tudo o que os nobres queriam e precisavam - mas não sabiam o porquê não gozavam eles dos privilégios que tinham os nobres e eram obrigados a pagar altos impostos; 

-As transformações sociais que aconteceram a partir da Revolução e da inquietação geral provocou grandes mudanças no teatro; 

-O edifício teatral aumentou de tamanho, para receber um público maior, mas não houve nenhuma modificação essencial na forma do palco ou na relação palco-plateia;

-A única diferença foi um novo público ter acesso aos espetáculos de que antes só ouvia falar; 

-Houve mudanças de temas e na forma da dramaturgia e isso provocou o que viria a ser chamado de “Romantismo”.


ROMANTISMO 


-Movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa que perdurou por grande parte do século XIX; 

-Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao racionalismo e ao iluminismo e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa; 

-Mais tarde a forma de um movimento, e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo; 

-Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo (ou desejo de evasão que é o alívio ou a distração mental de obrigações ou realidades desagradáveis recorrendo a devaneios e imaginações); 

-É a arte do sonho e da fantasia; 

-Valoriza as forças criativas do indivíduo e da imaginação popular. Opõe-se à arte equilibrada dos clássicos e baseia-se na inspiração fugaz dos momentos fortes da vida subjetiva: na fé, no sonho, na paixão, na intuição, na saudade, no sentimento da natureza e na força das lendas nacionais.


TEATRO NA ALEMANHA





-Na Idade Média o teatro foi muito parecido com os dos outros locais na Europa; 

-Fora da Igreja, havia uma grande atividade de teatro popular, principalmente de chanchada (predomina um humor ingênuo, burlesco, de caráter popular) e acrobacias; 

-Como na Itália a Alemanha não fora unificada, e o desenvolvimento político e artístico dos vários principiados e ducados (território ou domínio governado por um duque ou duquesa) foi muito diferenciado; 

-Nos teatros de corte, a influência da tragédia francesa foi muito forte; 

-Em meados do século XVIII começaram a surgir companhias profissionais, a princípio ainda tentando imitar as tragédias francesas, porém, com o correr do século apareceu nos palcos o drama familiar, que correspondia ao público recém enriquecido da burguesia; 

-Uma grande figura para as mudanças que aconteceram na Alemanha da segunda metade do século foi Gotthold Ephraim Lessing (1729-11781), poeta, dramaturgo, filósofo, jornalista e crítico de arte alemão; 

-Lessing depreciava suas próprias obras, afirmando que não eram suficientemente denunciadoras, mas eram muito significativas; 

-Seus ensaios chamavam a atenção dos alemães para as limitações da dramaturgia francesa que ainda dominava a Alemanha;

-Ele salientava a importância das obras de Shakespeare por sua humanidade, solidariedade com o sofrimento humano, sua visão da sociedade e do mundo;

-Hoje em dia suas obras quase não são mais montadas, mas “Miss Sara Sampson (1755), uma tragédia doméstica muito influenciada pelo inglês Lillo, fez grande sucesso no seu tempo;

-”Minna von Barnhelm” (1767) é considerada a primeira comédia da língua alemã de real qualidade;

-Lessing teve muita importância na segunda metade do século XVIII;

-O movimento mais importante do final do século que se opôs tanto a fórmula francesa quanto à pesada tragédia burguesa foi o “Sturm und Drang” (Tempestade e Tensão - movimento literário romântico);

-Influenciado pelo J.J. Rousseau (1712-1778), filósofo, teórico político, escritor e compositor autodidata suíço, e pelas peças de Shakespeare,com sua amplitude épica que começavam a ser traduzidas;

-O novo movimento arrebatou todos os poetas mais jovens;

Schiller (1759 — 1805) foi um poeta, filósofo, médico e historiador alemão foi um grande precursor do romantismo alemão. 



JOHANN WOLFGANG VON GOETHE 

( 1749 - 1832) 



-Foi um autor e estadista (pessoa versada nos princípios ou na arte de governar) alemão que também fez incursões pelo campo da ciência natural. Como escritor, Goethe foi uma das mais importantes figuras da literatura alemã e do Romantismo europeu, nos finais do século XVIII e inícios do século XIX. Foi um dos líderes do movimento literário romântico alemão Sturm und Drang; 

-Esse movimento acontecia por uma reação ao racionalismo que o Iluminismo (o poder da razão, buscava-se um conhecimento apurado da natureza, com o objetivo de torná-la útil ao homem moderno e progressista. Promoveu o intercâmbio intelectual e foi contra a intolerância da Igreja e do Estado) do século XVIII postulara, bem como ao classicismo (refere-se ao mundo antigo, ou seja, à valorização da Antiguidade Clássica como padrão por excelência do sentido estético) francês que, como forma estética, tinha grande influência na cultura europeia, principalmente na Alemanha daquele tempo; 

-Os autores desse movimento postulavam uma poesia mística, selvagem, espontânea, em última instância quase primitiva, onde o que realmente tinha valor era o Empfindung ("sentimentalismo" ou "estilo sensível“), o efeito da emoção, imediato e poderoso: emoção acima da razão;


-Deixando de lado a rígida métrica da poesia francesa – voltando-se para a poesia de Homero, para a Bíblia luterana, para os contos e histórias do folclore nacional nórdico;

-Goethe: de sua vasta produção fazem parte: romances, peças de teatro, poemas, escritos autobiográficos, reflexões teóricas nas áreas de arte, literatura e ciências naturais. Além disso, sua correspondência epistolar com pensadores e personalidades da época é grande fonte de pesquisa e análise de seu pensamento; 

-Através do romance Os Sofrimentos do Jovem Werther (romance é escrito em terceira pessoa e com poucas personagens), tornou-se famoso em toda a Europa no ano de 1774 e, mais tarde, houve um amadurecimento de sua produção, influenciada sobretudo pela parceria com Schiller, no qual em conjunto tornou-se o mais importante autor do Classicismo Alemão; 

-Sua obra prima, porém, é o drama trágico Fausto, publicado em fragmento em 1790, depois em primeira parte definitiva em 1808 e, por fim, numa segunda parte, em 1832, ano de sua morte, tomando-lhe, portanto, a vida inteira. Goethe é até hoje considerado o mais importante escritor alemão, cuja obra influenciou a literatura de todo o mundo.


Os Sofrimentos do Jovem Werther 



Werther é marcado por uma paixão profunda, tempestuosa e desditosa. Werther é correspondido no amor, porém sofre com a impossibilidade de consumá-lo, pois o objeto do seu amor, a jovem Charlotte, fora prometida a outro homem. Goethe põe um pouco de sua vida na obra, pois ele também vivera um amor não correspondido. Para o herói, a vida só tem um sentido: Charlotte. A vida deixaria de ter sentido se ele perdesse sua amada. A cada gesto, dança e até mesmo em meio a bofetadas, Werther se apaixona cada vez mais por ela. 


Fausto 



É um poema trágico, dividido em duas partes. Está redigido como uma peça de teatro com diálogos rimados, pensado mais para ser lido que para ser encenado. 


Parte I 

As principais personagens da Parte I são:



Henrique Fausto: um sábio erudito; 

Mefistófeles: um demônio;

Margarida: o amor de Fausto;

Marta: a vizinha de Margarida;

Valentim: irmão de Margarida;

Wagner: assistente de Fausto.



A Parte I é uma história complexa que abarca múltiplos cenários. Não está dividida em atos, mas sim em cenas. Após um poema dedicatório e um prelúdio (ação preliminar que antecede a realização de), a ação começa no Céu, onde Mefistófeles faz uma aposta com Deus: diz que poderá conquistar a alma de Fausto - um favorito de Deus -, um sábio que tenta aprender tudo que pode ser conhecido. A próxima cena ocorre no estúdio de Fausto, onde o erudito reflete sobre as limitações do conhecimento científico, humanista e religioso, e sobre suas tentativas de usar a magia para chegar ao conhecimento ilimitado. Frente ao fracasso, considera o suicídio, mas muda de ideia ao escutar as celebrações de Páscoa na rua. Decide então sair a passear com seu assistente, Wagner, e ambos são seguidos por um cão vagabundo no caminho de volta a casa;

No interior do estúdio, o cão se transforma em Mefistófeles. Os dois chegam ao acordo - selado com sangue - de que Mefistófeles fará tudo o que ele quiser na Terra e, em troca, Fausto terá de servir o demônio no Inferno;

Mas há uma cláusula importante: a alma de Fausto será levada somente quando Mefistófeles crie uma situação de felicidade tão plena que faça com que Fausto deseje que aquele momento dure para sempre. Após o pacto, o demônio o leva a uma taverna em Leipzig - o Porão de Auerbach - onde se encontram com um grupo de estudantes bêbados. Fausto, porém, não encontra ali nada que lhe agrade;

Dali, os dois vão em presença de uma bruxa, que por meio de uma poção dá a Fausto a aparência de um homem jovem e belo. A imagem de Helena de Troia aparece num espelho mágico, e sua beleza impressiona Fausto enormemente (Helena será personagem importante na Parte II). Na rua, Fausto vê a bela Margarida, e pede que Mefistófeles a consiga para ele. Para o demônio é uma dura tarefa devido à natureza pura da menina. Com joias e a ajuda da vizinha Marta, Mefistófeles consegue um encontro no jardim entre Fausto e Margarida. A moça tem medo de levá-lo ao seu quarto devido à mãe. Fausto dá uma poção do sono a Margarida para adormecer a mãe, mas tragicamente a poção termina matando-a;

Margarida tem o pressentimento de estar grávida. Valentim está enfurecido pela relação da irmã com Fausto e o desafia a um duelo. Ajudado por Mefistófeles, Fausto mata Valentim, que antes de morrer lança uma maldição contra a irmã. Margarida busca conforto espiritual numa catedral, mas é atormentada por um espírito maligno que a enche de sentimentos de culpa;

Para distraí-lo de Margarida, Mefistófeles leva Fausto à festa da Noite de Santa Valburga, onde celebram juntos bruxas e demônios. Uma jovem bruxa tenta seduzir Fausto em vão. Enquanto isso, Margarida afogou o filho recém-nascido num sinal de desespero e foi condenada à morte pela justiça. Fausto sente-se culpado por isso e acusa Mefistófeles, que replica que é Fausto quem tem toda a culpa. O demônio consegue a chave da cela de Margarida e Fausto tenta fazer com que ela escape, mas ela resiste porque percebe que ele já não a ama. Ao ver Mefistófeles, Margarida grita "Meu Deus, toda me entrego a teu juízo!". Mefistófeles tira Fausto da cela e diz que "Foi julgada!". Em seguida, um coro celestial afirma "Salvou-se!", indicando que a pureza de Margarida salvou sua alma.



Parte II 


Rica em alusões clássicas, na Parte II o enredo romântico da primeira é deixado de lado. De fato, é uma obra totalmente diferente da primeira quanto aos temas abordados, que abrangem agora aspectos políticos e sociais. Fausto desperta junto a fadas e inicia um ciclo de aventuras dividido em cinco atos, cada um com um tema diferente. 

No final Fausto consegue ir ao Paraíso, por haver perdido apenas metade da aposta com o demônio. Anjos, como mensageiros da vontade divina, anunciam no final do Ato V "Cantemos em coro, Da vitória a palma, O ar está puro: Respire esta alma!", e levam a parte imortal de Fausto ao Céu, derrotando Mefistófeles.



SÉCULO XIX E O ROMANTISMO



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-Resultado da ânsia de liberdade e igualdade;

-Repudiava os privilégios da nobreza;

-Não interessava ao novo público o mundo dos distantes deuses e da mitologia greco-romanos;

-Os novos protagonistas foram trazidos da Idade média e da história “moderna”, a partir da Renascença;

-Os personagens com o tempo passaram a ser oriundos da burguesia e as vezes do povo;

-Uma linguagem mais próxima da vida real;

-O teatro francês no qual o Romantismo explode no início do século, passou a ser influenciado pelo teatro de outros países: commedia dell’arte, Shakespeare e os melodramas espanhóis;

-Com o espírito da Revolução, a nova dramaturgia deveria conter ensinamentos, respeitar os bons princípios e estimular a boa cidadania;

-O fundamental era a liberdade na escolha de temas, como também uma grande preocupação como: ambiente em que se passava a ação, sempre significativo no quadro dramático do Romantismo; 

-Nos últimos anos do século XVIII apareceu uma peça chamada “O castelo do Diabo”, e também “A torre de Nesle”, melodrama cheio de alucinantes, mortes, etc.; um dos maiores sucessos de Alexandre Dumas pai (1802-1870); 

-Dois acontecimentos marcaram as transformações no teatro francês: 

Em 1827 Victor Hugo (1802-1885) escreveu “Cromwell”, peça tão grande que nunca pode ser montada, mas foi publicada e precedida de um prefácio em que ficam estabelecidos tantos os princípios quanto as características do teatro “novo” ou romântico; 

Em 1830 Hugo completa sua tarefa com “Hernani” na Comédie Française, cujo na estreia se deu um grande tumulto devido à confrontação entre tradicionalistas e novos; 

Comédie Française: é um teatro estatal da França e um dos únicos que têm uma companhia permanente de atores; 

-A batalha já estava ganha pelo novos no que mais importa ao teatro, ou seja, na plateia repletas dos teatros em que eram apresentados os melodramas modernos;

-Mesmo antes de “Hernani” foi “Henrique III e sua corte” de Alexandre Dumas pai, que alcançou grande sucesso; 

-O Romantismo lírico e puro não conseguiu durar muito, porque o gosto do público pelos exageros levou a uma série de obras cheias de morte, fantasmas correntes que se arrastavam durante a noite, masmorras medievais e etc.; 

-A nova revolução de 1830 acalmou um pouco esses exageros e trouxe de volta a ideia de que ir ao teatro deveria ter uma função social significativa; 

-Apesar dos desmandos de sua fase mais decadente, o Romantismo deixou uma rica contribuição para o teatro;



Alexandre Dumas, pai
(1802-1870)

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-Foi um romancista francês;

-Foi neto de escrava;

-Seu pai foi o General Dumas, grande figura militar de sua época;

-Enquanto trabalhava em Paris, Dumas começou a escrever artigos para revistas e também peças para teatro;

-Como resultado, tornou-se financeiramente capaz de trabalhar como escritor em tempo integral;

-Entretanto, em 1830, participou da revolução que depôs o rei Carlos X de França e substituiu-o no trono pelo ex-patrão de Dumas, o Duque d'Orléans, que governaria com o nome de Luís Filipe de França, alcunhado de Rei Cidadão;

-Até meados da década de 1830, a vida na França permaneceu agitada, com tumultos esporádicos em busca de mudanças promovidos por republicanos frustrados e trabalhadores urbanos empobrecidos;

-À medida que a vida retornava lentamente à normalidade, o país começou a se industrializar e, com uma economia em crescimento combinada com o fim da censura à imprensa, a vida recompensou as habilidades de escritor de Alexandre Dumas;

-Posteriormente passou a se dedicar aos romances;

-Apesar de ter um estilo de vida extravagante e sempre gastar mais do que ganhava, Dumas provou ser um divulgador astuto;

-Com a alta demanda dos jornais por romances seriados, em 1838 simplesmente reescreveu uma de suas peças para criar sua primeira série em romance;

-Intitulada "O Capitão Paulo" levou-o a criar um estúdio de produção que lançou centenas de histórias;

-Em 1840, casou-se com uma atriz, Ida Ferrier, mas continuou a manter seus casos com outras mulheres, sendo pai de pelo menos três filhos fora do casamento;

-Um desses filhos, que recebeu o seu nome, seguiria seus passos na carreira de novelista e escritor de peças teatrais;

-Por causa do mesmo nome e da mesma profissão, para distinguir um do outro, um é chamado Alexandre Dumas, pai e o outro Alexandre Dumas, filho (1824-1895);

-Alexandre Dumas, pai, escreveu romances e crônicas históricas com muita aventura que estimulavam a imaginação do público francês e de outros países; 

Dentre elas: 

O Conde de Monte Cristo; 

Os Três Mosqueteiros. 


-Seu trabalho como escritor lhe rendeu muito dinheiro, porém Dumas vivia endividado por conta de seu alto gasto com mulheres e de seu estilo de vida; 

-Com a deposição do rei Luís Filipe após uma revolta, não foi visto com bons olhos pelo presidente recém-eleito, Napoleão III, e em 1851 Dumas teve que ir embora para Bruxelas para fugir de seus credores; 

-Dali viajou à Rússia, onde o francês era a segunda língua falada e suas novelas também eram muito populares; 

-Dumas passou dois anos na Rússia antes de se mudar em busca de aventuras e inspiração para mais histórias; 

-Em março de 1861, o reino da Itália foi proclamado, com Vítor Emanuel II como rei;

-Nos três anos seguintes, Alexandre Dumas se envolveria na luta pela unificação da Itália, retornando a Paris em 1864; 

-Apesar do sucesso e das ligações aristocráticas de Alexandre Dumas, pai, sua vida sempre foi marcada por ser mulato; 

-Em 1843, escreveu uma curta novela intitulada ”Georges”, que chamava atenção para alguns aspectos raciais e para os efeitos do colonialismo; 

-Em 2002 sob as ordens do presidente francês Jacques Chirac, seu corpo foi exumado e, numa cerimônia televisiva, seu novo caixão, carregado por quatro homens vestidos como os mosqueteiros Athos, Porthos, Aramis e D'Artagnan, foi transportado em procissão solene até o Panteão de Paris, o grande mausoléu onde grandes filósofos e escritores da França estão sepultados, entre eles os autores Victor Hugo e Voltaire; 

-A honraria reconheceu que, apesar de a França ter produzido vários grandes escritores, nenhum deles foi tão lido quanto Alexandre Dumas; 

-Suas histórias foram traduzidas em quase 100 idiomas, e inspiraram mais de 200 filmes.





Victor Hugo 

(1802-1885)



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-Foi um novelista, poeta, dramaturgo, ensaísta, artista, estadista e ativista pelos direitos humanos francês de grande atuação política em seu país; 

-É autor de Les Misérables e de Notre-Dame de Paris, entre diversas outras obras clássicas de fama e renome mundial; 

-Nascido em Besançon (Comuna – unidade territorial), no Doubs (Departamento), Victor Hugo foi o terceiro filho de Sophie Trébuchet e Joseph Hugo (Conde e mais tarde um major que, posteriormente, se tornaria um general do exército napoleônico); 

-A infância de Victor Hugo foi marcada por grandes acontecimentos; 

-Napoleão foi proclamado imperador dois anos depois do seu nascimento e a monarquia dos Bourbons (Família nobre que governou a França – dinastia) foi restaurada antes de seu décimo oitavo aniversário; 

-Os pontos de vista políticos e religiosos opostos dos pais de Victor Hugo refletiam as forças que lutavam pela supremacia na França ao longo de sua vida: seu pai era um oficial que atingiu uma elevada posição no exército de Napoleão;

-Seu pai considerava Napoleão um herói, enquanto sua mãe era uma radical católica defensora da casa real, sendo que se acredita tenha sido amante do general Victor Lahorie, que foi executado em 1812 por tramar contra Napoleão; 

-Devido à ocupação do pai de Victor Hugo, Joseph, que era um oficial, mudavam-se com frequência e Victor aprendeu muito com essas viagens; 

-Na viagem de sua família a Nápoles (Itália), ele viu as grandes passagens dos Alpes e seus picos nevados, o azul do Mediterrâneo e Roma durante suas datas festivas; 

-Embora tivesse apenas cerca de seis anos à época, lembrava-se vividamente da viagem que durara meio ano. A família permaneceu em Nápoles por alguns meses e depois voltou para Paris; 

-Sophie acompanhou o marido em seus postos na Itália (Onde Joseph Léopold ocupou o posto de governador de uma província perto de Nápoles) e Espanha (Onde ele se encarregou de três províncias da Espanha); 

-Cansada das constantes mudanças exigidas pela vida militar, e em litígio com o marido infiel, Sophie separou-se temporariamente de Joseph Léopold em 1803 e se estabeleceu em Paris; 

-A partir de então, ela dominou a educação e formação de Victor Hugo;

-Como resultado, os primeiros trabalhos de Hugo na poesia e ficção refletem uma devoção apaixonada tanto do rei como da fé; 

-Foi somente mais tarde, durante os eventos que levaram à Revolução de 1848, que ele iria começar a se rebelar contra a sua educação católica e monarquista e em vez disso advogar o republicanismo (É a ideologia segundo o qual uma nação é governada como uma república, na qual o chefe de Estado é indicado por métodos não-hereditários, frequentemente por eleições) e o livre pensamento; 

-Victor Hugo passou a infância entre Paris, onde foi educado por muitos tutores e também em escolas privadas, Nápoles e Madrid; 

-Considerado um menino precoce, ainda jovem tornou-se escritor, tendo em 1817, aos 15 anos, sido premiado pela Academia Francesa por um de seus poemas; 

-Em 1819 fundou, com os seus irmãos, a revista "Le Conservateur Littéraire“ - O Conservador Literário), e, no mesmo ano, ganhou o concurso da Académie des Jeux Floraux, instituição literária francesa fundada no século XIV; 

-Em 1821, Hugo publicou seu livro de poesias, "Odes et poésies diverses" (Odes e Poesias Diversas), com o qual ganhou uma pensão, concedida por Luís XVIII. Um ano mais tarde publicaria seu primeiro romance, "Han d'Islande" (Hans da Islândia);

-Casou-se com sua amiga de infância, Adèle Foucher, em 12 de outubro de 1822, o casamento gerou o desgosto de seu irmão, Eugène, que era apaixonado por Adèle; 

-Em decorrência disso, Eugène enloquece e é internado em um hospício; 

-No ano seguinte, a morte do primeiro filho e o fracasso literário do livro Hans da Islândia, que não agrada a crítica, interrompem o período de estabilidade vivido até então; 

-Em 1824 nasce sua primeira filha, Leopoldine; 

-Em 1825, aos 23 anos, recebe o título de Cavaleiro da Legião de Honra (É uma condecoração honorífica francesa. Foi instituída em 2 de maio de 1802 por Napoleão Bonaparte e recompensa os méritos eminentes militares ou civis à nação. Ordem máxima da nação francesa, tendo um limite de apenas 75 membros vivos entre os grã-cruzes da ordem); 

-Nesta época, torna-se líder de um grupo de escritores criando o Cenáculo (Do latim Cenaculum é o termo usado para o sítio ou local onde ocorreu, de acordo com os cristãos, a Última Ceia e onde atualmente se encontra um grande templo. A palavra é um derivado da palavra latina cena, que significa "jantar");

-A publicação da terceira coletânea de poemas de Victor Hugo, intitulada "Odes et Ballads", em 1826, marcou o início de um período de intensa criatividade;

-Em 1827, no prefácio de seu extenso drama histórico, Cromwell, Hugo expõe uma chamada à liberação das restrições que impunham as tradições do classicismo (Refere-se ao mundo antigo, ou seja, à valorização da Antiguidade Clássica como padrão por excelência do sentido estético);

-O prefácio é considerado o manifesto do movimento romântico na literatura francesa, nele o escritor fala da necessidade de romper com as amarras e restrições do formalismo clássico para poder então refletir a extensão plena da natureza humana (Faz referência ao conjunto de traços distintos - incluindo maneiras de pensar, sentir ou agir - que os seres humanos tendem a ter, independente da influência da cultura);

-Ainda neste prefácio, Hugo defende o drama moderno, com a coexistência do sublime e do grotesco;

-O sucesso do prefácio de Cromwell consolidaram a imagem de Hugo como a principal liderança do romantismo na França;

-Aos 26 anos de idade, o escritor desfrutava de uma situação material confortável e prestígio não apenas entre a juventude rebelde francesa, mas também entre a corte de Carlos X;

Carlos X (De 1824 até sua abdicação forçada em 1830. Sucedeu o irmão Luís XVIII e reinou por quase seis anos até a Revolução de Julho de 1830, que forçou sua abdicação e elegeu Luís Filipe III, Duque d'Orleães como o novo rei); 

-Neste período integrou-se ao romantismo transformando-se em um verdadeiro porta-voz desse movimento. A residência de Hugo tornou-se um ponto de encontro de escritores românticos; 

-A censura recaiu sobre sua obra, Marion do Lorme, em 1829, peça teatral apoiada na vida de uma cortesã francesa do século XVII, isso aconteceu porque a obra foi considerada muito liberal, e também devido ao fato de os censores terem interpretado a peça como uma crítica à Carlos X, o que fez com que a produção daquela que seria sua primeira peça a ser interpretada fosse cancelada; 

-Em 1830 estreia Hernani sua primeira obra teatral, que representa o fim do classicismo e expressa novas aspirações da juventude; 

-A peça, que exalta o herói romântico em luta contra a sociedade, divide opiniões, agradando os jovens e desagradando os mais velhos, o que desencadeia uma disputa de público que contribui para a consagração de Hugo como líder romântico; 

-A peça obteve grande sucesso, lotando o teatro em todas as suas exibições;

-A disputa entre opiniões gerada por Hernani obteve proporções além do teatro, apoiadores e opositores travavam brigas e discussões por toda a França; 

-Após o nascimento de mais uma filha, também no ano de 1830, que recebeu o nome da mãe, sua esposa recusa-se a ter mais filhos e concede ao marido liberdade para transitar por Paris, desde que não a aborrecesse; 

-Tal fato, faz com que Hugo se entregue à libertinagem, ligando-se indistintamente à atrizes, aristocratas (Nobres) e humildes costureiras, mas contudo, ele não se separa de Adèle; 

-Neste mesmo período, Adèle inicia um relacionamento amoroso com o amigo da família, Saint-Beauve; 

-Seu romance, Notre-Dame de Paris, é lançado em 1831, considerado o maior romance histórico de Victor Hugo, o livro definiu a forma de exploração ficcional do passado que marcaram o romantismo francês; 

-O livro narra a história do amor altruísta (Ações voluntárias de um indivíduo beneficiam outros) do deformado sineiro da catedral de Notre Dame (É uma das mais antigas catedrais francesas em estilo gótico. Iniciada sua construção no ano de 1163, é dedicada a Maria, Mãe de Jesus Cristo), Quasimodo, pela bailarina cigana Esmeralda;

-Com um estilo realista, especialmente nas descrições de Paris medieval e seu submundo, o enredo é melodramático, com muitas reviravoltas irônicas; 

-O livro foi um sucesso instantâneo e logo fez de Hugo o mais famoso escritor que vivia na Europa, tendo o livro se propagado e traduzido por todo o continente; 

-No ano de 1832 Hugo mudou-se para um apartamento instalado na Praça de Vosges, no bairro Le Marais (É um bairro da cidade de Paris), onde morou até 1848, tendo sido visitado por muitos escritores; 

-Em novembro de 1832 Victor Hugo apresentava em Paris Le Roi S’Amuse, uma peça baseada na vida amorosa do rei Francisco I da França (1515 até 1547); 

-Desde 1827 até o ano da estreia de Le Roi S’Amuse, Hugo passara de uma postura inicialmente conservadora para um liberalismo (Liberdade individual e do igualitarismo) reformista que se refletia em suas posições públicas e em sua obra; 

-Le Roi S'Amuse também sofreria censura, acusada de expor a figura da casa real ao ridículo;

-No ano seguinte, Hugo passa a ter um relacionamento amoroso com a atriz Juliette Drouet, que atuou em duas peças do autor que estrearam naquele ano, Lucrécia Borgia e Marie Tudor; 

-Eles se conheceram em um momento em que Hugo estava abalado, pois descobrira que sua esposa o havia traído; 

-Hugo instalou Juliette em uma casa isolada no Les Metz, um lugarejo próximo à casa onde ele morava com sua família; 

-Quase todos os dias eles se encontravam, o ponto de encontro era uma árvore oca em um bosque, o tronco desta árvore Juliette usava para deixar suas mensagens para ele e Hugo deixava suas cartas e poemas lá; 

-O romance tinha momentos turbulentos devido a problemas financeiros, pois Juliette contraiu muitas dívidas com credores, ainda assim, o amor se mostrou resistente às discussões e brigas; 

-A peça Lucrécia Borgia, drama a que primeiro deu o título de Ceia em Ferrara teve grande êxito, o que foi considerado a vitória decisiva da escola romântica; 

-Em fevereiro de 1837 morre seu irmão Eugène; 

-Este também foi ano em que o rei Luís Filipe I (1830 até sua abdicação em 1848) conferiu à Victor Hugo o grau de oficial da Legião de Honra;

-Alugava apartamentos nos arredores de Paris com nomes falsos, onde encontrava-se com suas amantes. Numa dessas ocasiões foi flagrado com Léonie Briard, cujo marido havia chamado a polícia, a mulher foi presa, quanto a Victor Hugo nada ocorreu-lhe; 

-Tendo se tornado favorável a uma democracia liberal e humanitária, é eleito deputado da Segunda República em 1848, e apoia a candidatura do príncipe Louis-Napoléon; 

-Exila-se após o golpe de Estado de 2 de Dezembro de 1851, que condena vigorosamente por razões morais em "Histoire d'un crime“ -"História de um Crime"; 

-Durante o Segundo Império, em oposição a Napoléon III, vive em exílio em outros países; 

Napoléon III - Era sobrinho e herdeiro de Napoleão Bonaparte. Foi o primeiro presidente francês eleito por voto direto. Entretanto, foi impedido de concorrer a um segundo mandato pela constituição e parlamento, organizando um golpe em 1851 e assumindo o trono como imperador no final do ano seguinte. 

-É um dos únicos proscritos a recusar a anistia decidida algum tempo depois; 

- Com a morte da sua filha, Leopoldina, começa a descobrir e investigar experiências espíritas relatadas numa obra diferente nomeada "Les tables tournantes de Jersey";

-Morre em 22 de maio de 1885; 

-De acordo com seu último desejo, seu corpo é depositado em um caixão humilde que é enterrado no Panthéon; 

-Tendo ficado vários dias exposto sob o Arco do Triunfo (Estrutura monumental no formato de um arco com uma ou mais passagens), estima-se que 1 milhão de pessoas vieram lhe prestar uma última homenagem. Quando morreu, as prostitutas de Paris ficaram de luto; 

-A pessoa mais velha da história, Jeanne Calment, que morreu em 1997, afirma ter ido ao funeral de Victor Hugo. Jeanne tinha 10 anos quando houve o funeral. 


Obs: Luís XVIII ( 1755 – 1824), foi o Rei da França e Navarra de 1814 até sua morte, exceto por um período em 1815 conhecido como o Governo dos Cem Dias. Luís passou 23 anos em exílio, de 1791 a 1814, durante a Revolução Francesa, a Primeira República Francesa e o Primeiro Império Francês, e depois novamente em 1815 durante os Cem Dias quando Napoleão Bonaparte voltou da Ilha de Elba.


Jeanne Louise Calment 
(1875 - 1997)


-Foi uma supercentenária francesa confirmada como a pessoa mais velha já documentada da história, depois de alcançar a idade de 122 anos e 164 dias (Em um total de 44.724 dias de vida);

-Residiu durante toda a sua vida na cidade de Arles, no sul da França, e morreu depois de sua filha e do seu neto.