segunda-feira, 22 de julho de 2013

Análise crítica do espetáculo "Números" - Grupo Os Geraldos

ESPETÁCULO “NÚMEROS”

Como toda ansiedade causa efeito de espera gigantesca, na apresentação do primeiro espetáculo do FESTA (Festival São-carlense de Teatro) realizado do dia 15 á 21 de julho, o espetáculo “Números” do Grupo Os Geraldos da cidade de Campinas-SP nos brinda com um início muito intimista com a presença das personagens indo ao encontro do público com carisma e quebrando a distância entre o palco, atuação e plateia. Como vendedores de iguarias eles acabam arrancando sorrisos e desmistificando a participação atuante da plateia no início do espetáculo. Como na tradição mambembe a diversidade dos trabalhos para ajudar na manutenção da sobrevivência no contexto do enredo é demostrada a construção dos atores que revelam isso na atuação inicial. Já no palco a estética da configuração da disposição do espaço de atuação foi resolvida de maneira impar com o formato de um picadeiro com cortinas dando um efeito circense. Tudo sendo conduzido por uma personagem que sem medo de ser e fazer o ridículo acrescenta a comicidade na construção da peça. O ridículo deve ser encarado não como menosprezo, mas sim como um fato importante para a dinâmica na linha da história. Acreditar e viver o ridículo. O ator se mostra confiante e completamente consciente do seu papel e de sua condução. Com aspectos muito próximos a uma personagem do Sitio do Pica Pau Amarelo escrito pelo autor Monteiro Lobato e tão difundido na televisão, essa personagem que muito se assemelha a personagem do Pesadelo, levanta o aspecto infantil e o pensamento arteiro. Com dentes no qual ao olhar nos traz asco, para ele é de uma beleza inocente e as falas com uma aceleração que muito não nos permite o entendimento ficam como um propósito intencional para tornar a personagem engraçada e carismática que de cara conquista o público. A sequencia das personagens e sua ações vão criando pequenas ligações com o público na medida em que seus trabalhos de uma maneira atrapalhada e cômica leva a cena elementos de estudo através de técnicas construídas na história da comicidade. Essas técnicas não são demostradas no espetáculo, mas fica claro a intenção de não usá-las para dar um caráter específico à atuação, mas se percebe um conhecimento delas na memória. Chamo a atenção para o início quando é apresentado uma personagem que ao entrar em cena com uma cadeira começa a construção de ações de um número tantas vezes já realizado pelos tempos pode dar uma beleza com movimentos suaves e de pura condução eficaz com a interação da construção do corpo da personagem que com movimentos repetitivos se torna uma ação característica da personagem. A plateia é levada a ter a consciência que o exagero da maquilagem das personagens, o figurino e as apresentações em cada número é ter a consciência de um enredo livre em eu sentido de condução, mas claro segundo um “norte”, e a indução da percepção da realização de alguns truques. O preparo físico e técnico dos atores revela o trabalho constante e profissional do grupo. A iluminação simples dá um efeito positivo e claro à peça. Gostaria de considerar que em alguns momentos a continuidade e insistência em algumas indicações na “brincadeira” para se tirar o sorriso do público poderia ser evitada com objetivo mais curto e direto e perceber esse paralelo com a perda do foco com o alcançado e o desnecessário. Sobre a direção é nítido notar a parte técnica do palco em sua ocupação e o incentivo aos atores pela busca da experimentação e descobrimento do seu propósito. Para terminar o Grupo Os Geraldos ministrou um workshop sobre a tradição cômica e os princípios da comicidade onde foi introduzida a consciência sobre a trajetória desse gênero e que é tão trabalhado até os dias de hoje e como muitas coisas que já foram feitos e que funcionam bem e que cada um consegue colocar seu “dedo” no trabalho e na execução. Uma tarde muito importante para começar a aguçar a curiosidade da busca pelo conhecimento dessa maneira tão lúdica e tão buscada pelo público. Enfim...o FESTA começou no que se diz respeito em suas apresentações com um trabalho muito cativante e de uma escolha pertinente. Essas são observações e uma análise que nunca serão destrutivas, mas sempre com o intuito de poder ajudar.

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