sábado, 22 de junho de 2013

PRÓLOGO "A REVOLUÇÃO DOS CENTAVOS"


Peço licença para não me afastar dos acontecimentos que estão ocorrendo em nosso país. Isso engloba valores acima de qualquer área.





A REVOLUÇÃO DOS CENTAVOS

Desde o descobrimento, ou melhor, o “achamento” do Brasil pelos portugueses, esse belo país foi “governado” por pessoas com comportamentos profanos e decisões mesquinhas. Sempre a classe mais pobre foi sufocada pelos anseios dos mais abastados. O Brasil foi o último país independente do continente americano a abolir completamente a escravatura. Passamos por momentos difíceis como a ditadura militar, onde muitos defendem por ter tido um suposto mérito contra a violência, mas talhou a liberdade de expressão. Veio à democracia, e as Diretas Já foi um ganho da população. Mas até que ponto o povo sobre utilizá-la? Vemos á cada instante ações desprovidas de caráter benéfico para a sociedade. Deparamo-nos com projetos de leis esdrúxulas, algazarras partidárias, CPIS com condenações enganosas, candidatos despreparados e manipulados por correntes maiores e por interesses de legenda, a compra de votos por favores, cestas básicas, bolsas, empregos e promessas. Como disse certo candidato “Pior do que tá não fica!”. Assim baseou-se sua vasta vitória, mostrando o poder de indignação ou protesto dos brasileiros. Mas pode ficar se não transformarmos nossas ações. Políticos desviam verbas cometendo atos de corrupção, e que nunca devolvem, pois basta ter os contatos e as alianças que tudo fica para a nossa famosa “pizza brasileira”. O legado é a saúde que piora, a educação que se baseia apenas em suco, bolacha e professores despreparados e desestimulados, saneamento indo para o ralo, isso é se tivermos um, e a cultura que era tão efetivada e aplaudida nos tempos de Sófocles, Eurípedes, Shakespeare, Ibsen, Beckett, Bernard Shaw, Brecht, Goethe, Pirandello, Dario Fo, Gil Vicente, Molière, Victor Hugo, Sartre, Tchekhov, Agatha Christie, Lorca, Cervantes, Ionesco, Martins Pena, Oduvaldo Vianna Filho, Gianfrancesco Guarnieri, Ariano Suassuna, Augusto Boal, Plínio Marcos, Maria Clara Machado, Nelson Rodrigues, entre outros, e que hoje é tratava como algo supérfluo e até fugaz para os detentores do poder. O Brasil acorda tarde, mas a tempo de mudar. Inúmeros países realizam levantes para protestar e possuir aquilo que nem deveria ser exigido se fosse tratado com honestidade e transparência. Manifestações por todo o território estão enchendo de lágrimas os nossos conterrâneos pelo amor e orgulho da pátria e outras estão caindo pela desonestidade que alguns se utilizam para manchar e realizar manobras para terem ganhos particulares ou de outros. O povo proclama de “Deitado eternamente em berço esplêndido” para “Verás que o filho teu não foge a luta”, e que isso não acabe assim. Que a manifestação do Passe Livre não se acoberte somente com o pedido atendido. Não se vendam por ilusões. Não venham com o discurso que irão se retirar, pois o objetivo já foi atendido. Não nos façam pensar que por trás está cheirando o famoso “cala boca” com um montante de dinheiro e conversas. Esse movimento foi importante para despertar os olhos da nação. Que os centavos de hoje se tornem os milhões investidos e repassados com clareza para quem se deve. Fazemos de um início o princípio de mudanças, que primeiro venha às melhorias e a capacidade de se estruturar para que aí sim possamos mostrar o nosso país e a nossa organização de uma sociedade para o mundo. Atualmente o país está vendido por anos e a conta quem vai pagar serão os filhos dessa pátria. Vamos brasileiros de todas as áreas desse Brasil varonil, rico, pobre e classe média, vamos continuar a luta para que amanhã o lábaro que ostentas seja mesmo estrelado, com orgulho de nossas conquistas. Vamos tapar os buracos da historia com coragem, força e hombridade, e não como fazem com os buracos de nossas cidades que após algum tempo retornam maiores e piores. Gritem a plenos pulmões que o gigante acordou. Vamos fazer que àqueles que já deixaram de sentir orgulho voltem para a terra amada. Vamos acabar com a aniquilação do nosso suor e mostrar que aqui há um país unido e que não importa religião, etnia e raça para mostrar a face da luta. Que o povo se torne heróico e retumbante, que o brilho do céu da nossa pátria possa raiar a todo instante, que tenhamos o penhor da igualdade, que consigamos conquistar com braços fortes, que haja no teu seio mais liberdade e que todos desafiem o peito a própria dignidade. Façamos do Brasil, um sonho intenso, com raios vívidos de amor e de esperança e que a nossa terra cresça na realidade. Nosso povo é belo, é forte, impávido e colosso. O nosso futuro tem que espelhar a nossa grandeza. Vamos caminhar para um novo alvorecer! Nossos lindos campos têm mais flores, nossos bosques tem mais vida, nossa vida no teu seio Brasil mais amores. Que a igualdade, esperança, paz e glória aconteça no presente e no futuro. 
Agora e sempre, seremos eternamente pátria amada Brasil!

terça-feira, 18 de junho de 2013

PRÓLOGO "UVA DOIDA"


UVA DOIDA                       


Conta à história que nas festas em homenagem ao deus Dionísio tudo era regrado de muito vinho e orgia. Sátiros, ninfas e centauros enlouqueciam com os efeitos da bebida e do delírio das festas, e essas celebrações se tornavam eventos alucinógenos. 
Trazendo essa pequena introdução para os tempos de hoje, muitos têm o fascínio e até a curiosidade de conhecer esse universo das artes, nesse caso a televisão e o teatro. Vou me atentar ao universo teatral. As pessoas entram tímidas, com o olhar baixo, introspectivas, voz quase nula e com uma interação muito deficitária. Óbvio que existem pessoas com características contrárias a essas citadas, mas esse tema é para outra matéria. Há muito tempo empresas, escolas e os próprios pais buscam o teatro ou outra forma que envolva certa oratória para melhorar o “falar” e “agir” em público. E fazem muito bem! Porém...esse é um mundo que ao mesmo tempo que favorece pode fazer o ser humano perder-se pelo caminho. As dificuldades são muitas, mas as tentações são ainda maiores. Com a vivência sei que se pode melhorar o falar em público, melhorar o olhar de uma forma mais densa e vibrante e se tornar extrospectivo (a). O que acaba por distorcer o propósito de estar fazendo teatro é a perda da consciência real, independentemente de querer se tornar profissional da área, ou apenas fazer por hobby ou por outra finalidade. O consciente do “poder” que muitos acham que têm, por achar que ao utilizar algo que hoje é muito glamourizado, o faz ser o dono de praças, ruas, parques, das conversas, das festas e das noitadas. Pessoas começam a colocar para fora os sentimentos adormecidos ou que nunca tinham. Com o passar da prática teatral presenciei transformações e inúmeras situações de pessoas que se metamorfaram para melhor, mas um grande número que se metamorfaram para uma vida dúbia e até decadente. Quantas vezes em conversas eu presenciei pessoas falando sobre acontecimentos que há muito não seriam capazes de fazer. Presenciei casos em que as pessoas em festas, celebrações, comemorações e nas famosas baladas mudavam seus comportamentos com o consumo de álcool e de drogas. Claro que o efeito do álcool e da droga altera o comportamento e os reflexos, mas falo de algo que se exacerba com a sua utilização: a falsa aquisição do “poder fazer tudo”. Atores e atrizes e pessoas ligadas, extravasam ao beberem muito, se drogarem muito e começam a promiscuidade em vários sentidos. A “pegação” sem o senso do correto e saudável é um fator. Lembro-me de alguns andarem pelas noites se embebedando e se drogando, e começarem a “representar”, proclamando aos ventos palavras de cunho baixo, querendo chamar à atenção. Roupas eram tiradas e com a certeza que estavam arrasando. Muitos diziam: “Eu sou ator”! “Eu sou atriz”! “Eu posso, pois minha arte é representar.” Não tendo vergonha da ação. A transformação de um ser em seu caráter ocorre desde que não consiga separar bem as coisas. Nós, pessoas ligadas às artes, principalmente atores e atrizes, por representarmos personagens e levarmos histórias ao público, não podemos nos dar o direito de agirmos como pessoas acima da regra e do correto. Muitos discutem o que é ser correto, o que são as regras, o respeito e o bom senso, e isso é um ponto interessante de se discutir, mas em outro momento. Ser ator e atriz não é ser bagunceiro, sair proclamando e quebrando só por sermos talvez mais despojados que muitos. Podemos nos considerar especiais por termos o talento e o privilégio de trabalhar vivenciando muitos mundos e muitas personagens. O que pode nos tornar especiais é ter a disciplina, a coragem de emprestar o nosso corpo, nossa voz e o nosso cérebro para dar vida a outros seres e a nossa mente aberta. Não confundam a índole e não distorçam o trabalho do ator e da atriz. O fazer teatro não dá o direito de alterar o seu caráter. Façam teatro, seja qual for o objetivo, mas respeitem a arte e a você mesmo.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

PRÓLOGO "AO APAGAR DAS LUZES"

AO APAGAR DAS LUZES


Os aplausos retratam ou deveriam retratar a aprovação de um bom espetáculo. O que muitos desconhecem é quando ao apagar das luzes, muitas coisas acontecem sem o conhecimento do público geral. Muitos se perguntam: Como aquele ator ou aquela atriz conseguiu determinado papel? Talento? Pode ser! Mas há outros fatores. Teste do sofá? Você já ouviu? É verdade ou mentira? Existe! Quantos atores e atrizes não tiveram que dormir com diretores para conseguir um papel em um espetáculo, novela ou qualquer trabalho relacionado a esses meios. Quantas vezes não tiveram que se entregar as luxúrias desses aproveitadores do sexo que utilizam de sua posição para que ao contato do prazer, viabilizam uma atribuição que deve ser conquistado pelo merecimento do trabalho. Quantas mulheres e homens não se submetem á esse teste para alcançar a fama e se entregam aos delírios de uma noite, tarde ou manhã em um simples fingir do prazer para ter as portas abertas para o tão sonhado estrelato. Não “tiro” da reta a participação dos atores e atrizes que se aproveitam também de seu possível status e usam isso para ganhar suspiros. É comum vermos muitos jovens ingressando no mundo televiso e teatral sem se quer um embasamento e sem um mínimo currículo para tal. Não generalizo todos, pois, com certeza existem talentos e capacitados espalhados por aí, mas o meio que por muitos são alcançados não pode ser a base de garantir uma falsa carreira, onde muitos não poderiam estar sem o seu mérito. Mérito de uma boa transa? Não! Não podemos aceitar isso. Muitas coisas são camufladas sobre os aplausos. A dinâmica desse quesito está se tornando um círculo vicioso que está jogando para escanteio o verdadeiro dom para a arte e a competência para o lúdico. Lúdico são as falsas verdades que são passadas aos amantes das artes. Quando retornam as luzes e o foco se torna o julgamento do trabalho, precisamos ter consciência de que por trás das luzes existem cenas escondidas em uma escuridão podre.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Análise crítica do espetáculo “O Por do Sol” – Cia. QPA

Análise crítica do espetáculo “O Por do Sol” – Cia. QPA – Apresentação no Mapa Cultural de São Carlos de 2013

A Cia. QPA iniciou o seu espetáculo com uma cena que podemos chamar de fazer teatro no teatro. Os atores adentraram ao teatro por uma das portas de entrada na parte superior do palco e desceram o corredor e começaram a dar a intenção que aquele momento era de “apenas” mais um ensaio. Podemos dizer que foi uma maneira interessante. Para quem já tinha assistido ao outro trabalho da Cia. teve a sensação da realização de trabalhos com objetivos diferentes, diversificados. O enredo nos apresenta a figura de um regente chamado Armando que comanda um coro e tem ao seu lado um ajudante chamado Confusão, personagem muito bem pensado, mas com falta de preparo em suas características. Vale ressaltar a composição do personagem Armando que por uma linha muito tênue não se confunde com um mágico, mas com características de um palhaço circense. Do ponto dos primeiros nomes podemos tentar ter uma ideia sobre o espetáculo, criando uma analogia e percebendo que aqueles dois personagens agem como destempero das próximas cenas.
O coro foi uma ideia muito bem sacada pela direção, que teve a proposta de nos mostrar um elemento muito comum na antiga tragédia grega, onde o coro era responsável pela interação com o público mostrando a intenção, o sentimento e o próximo “passo” de cada cena, antes do surgimento do primeiro ator, do segundo, do terceiro, e assim por diante. Antes da própria ação dramática podemos dizer. Mesmo sendo criada a ação do diálogo entre o ator com o coro, depois com os outros atores, o coro continuava tendo a sua representatividade, porém com menos importância. O coro com o objetivo de interlocutor da encenação, logo desapareceu. Com o andamento da peça o coro tem aparições pontuais e de muito bom gosto e com “tiradas” excelentes. Esse regente apresenta o coro como se fosse seu pertence e diz a todo tempo que se trata de uma formatura. Não é nos dado logo de cara o significado das ações e das personagens, mas com o passar das cenas, nos deparamos com o verdadeiro ideal. As cenas retratavam alusões sociológicas atreladas a passagens bíblicas, como o casamento e a dor da falta do amor presente na família. Com algumas interrupções dos personagens Armando e Confusão, podemos perceber que se trata de um ser que se coloca como o regente do destino, o dono da vida alheia. A próxima cena retrata a situação de um filho que escreve uma carta datilografada ao pai que o abandonou. Uma cena bem aparentada com a luz, mas muito longa no seu monólogo. Já nesse decorrer, o espetáculo nos coloca a impressão de uma tragédia com tempero de comédia, mas não podemos chamar de tragicomédia, pois ao decorrer do enredo muda de direção. A cena seguinte relata um pai que sai com o filho para acampar e por um deslize da vida acaba salvando uma criança do afogamento, e ao se arriscar pelo próximo seu filho desaparece nas mãos de um psicopata e a dúvida paira nos olhares, pois, em nenhum momento o texto nos revela se realmente o menino foi morto, mas nos mostra algumas dicas que nos transmitem algumas versões. Dai para frente o espetáculo toma um rumo mais religioso, tratando da relação do Demônio e de Deus, a luta do bem e do mal. Traquinagens e as palavras vingança, perdão, redenção e ressurreição dominam as cenas seguintes. A princípio não senti a emoção da cena passada pelo ator, mas quando uma atriz se apresenta como uma voz a ecoar um “hino” de louvor a Deus, a emoção transgride as barreiras e atinge no peito os corações das pessoas. A relação de afastamento e estreitamento entre o ser que renega á Deus pelo ocorrido e a busca pela salvação de um filho, emociona. O ser renegando a Deus, com o tempo percebe-se que foi preciso perder o filho para poder se salvar. As intervenções dos atores-cantores realçaram a beleza das cenas. A atriz com a sua estatura tão pequena possuía uma voz tão linda. O ator a seguir não fez por menos e encantou os ouvidos e emocionou os olhos do público. A musicalidade encaixou e levou o sentimento para fora da caixa preta. Um fato a destacar é o ruído de um chocalho que nos remete ao guizo da serpente, figura presente em uma parte importante da bíblia. Outro componente bem “sacado” foi à “tirada” da venda da cintura de um dos atores, que serviu para compor a ação. A prisão que nós temos dentro do nosso âmago afeta o ego de quem assisti com tanta força perante aos “arremessos” dos diálogos que a intencionalidade incomoda. A versatilidade dos atores encheram de alegria os aspectos de muitos e penetraram no fundo do coração de outros. A cena da crucificação foi muito criativa, deu uma alusão muito lúdica e simples. A peça terminou com a mensagem do amor de cristo por nós. Muitos elementos lindos. Figurinos corretos com a proposta, o cenário simples e com quase nada de adereços e acessórios. A iluminação cometeu alguns erros, mas nada que diminuísse os momentos de contrastes entre os personagens, principalmente entre o Demônio, Cristo e o ser que o renega.
Fica óbvio o trabalho de direção criativa e de bom gosto. O que pode melhorar é a preparação ainda mais eficaz de cada ator com os seus sentimentos, com a verdade interior e algumas técnicas teatrais. Tirando a questão religiosa, que foi executada com muita beleza, em minha opinião a mudança de panorama do inicio para o meio e fim não se deu de uma forma adequada. A ruptura foi muito rápida e deu a sensação de estar assistindo a outro espetáculo. Faltou um pouco mais de sensibilidade de se perceber realmente a mescla dos elementos no inicio mais cômico intercalado com a tragédia e com o enquadramento da questão da fé e da crença, onde o caminho se transformou em duas mãos: a da imposição e a de uma aceitação mais subjetiva. Essas são observações e uma análise que nunca serão destrutivas, mas sempre com o intuito de poder ajudar.



Análise crítica do espetáculo “Especial QPA” – Cia. Quem Procura Acha


Análise crítica do espetáculo “Especial QPA” – Cia. Quem Procura Acha – Apresentação do Mapa Cultural de São Carlos de 2013


O espetáculo logo apresenta que o modo de se ver uma peça será diferente. Com a utilização de um instrumento musical e com a dinâmica de clow e nem tanto do palhaço, onde as duas palavras podem significar quase a mesma coisa, mas com origens diferentes, pois, a palavra palhaço tem origem italiana e se relaciona geralmente com a feira e a praça e o clow ao palco e ao circo. Os atores proporcionam a interação da plateia de imediato, realizando uma simples troca de musicalidade e palmas, criando uma sincronia. Esse artifício quebra o gelo do público com a atuação. Com o decorrer do tempo os atores brincam com a música, remetendo a personagens conhecidos da grande maioria como a Pantera Cor de Rosa e uma semelhança ao som característico da Família Addams. O jogo lúdico traz para dentro do palco o próprio público, se utilizando de brincadeiras simples, mas de muito apelo do riso. Com a movimentação dos atores em realizar mímicas bem distintas o público canaliza a sua atenção de se deixar vivenciar com a proposta. A Cia. QPA trabalha muito bem com o proporcionar as pessoas a sensação de fazer teatro, quando algumas sobem ao placo e participam e ajudam a criar as cenas. Exercícios lúdicos são utilizados pelos atores de forma que os participantes percam toda a inibição e acabam construindo o ritmo da peça. Clichês? Quem disse que ainda não funcionam? Os clows Tom e Bocão articulam muito bem a configuração dos movimentos dos corpos dos participantes. A festa de aniversário foi transportada para dentro do palco. Cativante e divertida com um figurino adequado. Praticamente sem o uso de cenário e a iluminação simples que não comprometeu a proposta levou á todos a um nível de relaxamento. Por outro lado, ao quebrar o clow e introduzir a cena mais falada a Cia. utilizou-se de diálogos mais “pobres”, o famoso besteirol, e as cenas ficaram com caráter pastelão, de que certa forma pode ser útil, mas com um exagero sem sentido e sem propósito no espetáculo. Não “caiu” bem a quebra do encanto do clow que nos remete ao Charlie Chaplin entre outros artistas que realizaram essa arte de uma forma magistral. Com a música de encerramento, mais uma vez a Cia. trabalhou com um som que ativou a memória da plateia, levando todos a infância, mas com uma pitada de alegria e dinamismo feito pela Cia. No âmbito geral um espetáculo muito divertido, porém com alguns deslizes finais. Essas são observações e uma análise que nunca serão destrutivas, mas sempre com o intuito de poder ajudar.



segunda-feira, 10 de junho de 2013

Análise crítica do espetáculo “Tlon - O Grande Trote”

Análise crítica do espetáculo “Tlon - O Grande Trote” – Apresentação no Mapa Cultural de São Carlos de 2013

A proposta apresentada pelo grupo de se utilizar dois ambientes pode a princípio despertar uma curiosidade, mas com o passar da intenção se mostra ineficaz. A construção estética do cenário, podemos considerar muito bem planejado, mas com o sua utilidade nula. A posição do início das cadeiras e da mesa, colocados ao fundo do palco fez com que a cena perdesse o sentido pela profundidade dos atores e das emoções passadas para o público. Os diálogos nessa parte quase não foram ouvidos. Claro que os atores demostraram nervosismo e ansiedade de uma certa forma muito exacerbada, mas a construção poderia ter sido diferente. Teve um momento que a cena ficou em uma pausa muito longa e despertou a dúvida do “erro” em cena. A presença de palco se mostrou pouco ensaiada. Ao irem para frente do proscênio os atores ficaram perdidos com as falas e com a dinâmica de se ter uma plateia bem próxima. A utilização da bicicleta com um suporte para transportar os atores foi de caráter criativo, porém não funcionou por conta da não “colocação” da voz, dos diálogos perdidos e da iluminação que falhou em muitos momentos ao deixar os atores com suas faces despercebidas pelo público, e a atuação ficou no escuro. A construção das personagens não foi clara em nenhum aspecto. Outro ponto a se tratar é a falta do texto mais qualitativo, fato que se usou de muitos palavrões jogados durante a encenação. Ao transpor a encenação para outro lugar de característica mais aberta, houve uma não preocupação com os sons exteriores e isso aliado ao som da música ao vivo, tornou quase que impossível o entendimento das palavras ditas pelos atores. Cenas aconteciam ao mesmo tempo e isso tirou o foco. As pessoas não sabiam para onde olhar e para qual dar atenção. Os olhares do público ficaram perdidos. Faltou um pouco de preparo de encenação e uma direção mais concisa. A ideia de tirar o “conforto” da plateia pode funcionar desde que seja através de um texto mais elaborado, de partes técnicas mais ensaiadas e com as situações corretas. Os três atores ao saírem do recinto, demostraram um requisito muito bacana, que foi a manutenção da situação vivida por todos em que se manteve a vivência até um ator entrar em um ônibus escolar, fato esse que me pareceu extremamente mal utilizado e sem propósito. Coisas boas podem ser tiradas da apresentação, mas o cuidado e uma maior preparação podem ser mais bem aceitos pela galera. 
Essas são observações e uma análise que nunca serão destrutivas, mas sempre com o intuito de poder ajudar.

Análise crítica do espetáculo “Ao Revés do Papel” - Grupo de Teatro Preto no Branco

Análise crítica do espetáculo “Ao Revés do Papel” - Grupo de Teatro Preto no Branco - Apresentação no Mapa Cultural de São Carlos de 2013


O espetáculo nos apresenta logo de cara um aspecto diferente do palco, quando aos nossos olhos é lançada a figura de um quadrado feito por um material picado que chama à atenção por ser uma forma de limitar as dimensões da atuação. Uma estética muito bonita. Os figurinos com a proposta estão muito bem resolvidos a princípio. A entrada das personagens instiga o público a ter um olhar mais analítico da composição. A cena que inicia a peça nos mostra personagens com ações corporais animalescas, com uma linguagem própria e uma outra linguagem utilizada na contação das histórias. O trabalho dos atores se evidencia na construção corporal, mas ainda remete ao abuso dos movimentos. Não digo que cada um seja um personagem-tipo, mas a repetição dos movimentos agrada em um momento de reconhecimento da personagem e com o tempo alguns outros movimentos acabam sendo deixados de lado pelo público devido ao esgotamento do novo. Na construção das personagens consideradas principais, a que mais se destaca é a da atriz Ana Garbuio, onde a caracterização transmite uma sensação de prazer ao  vê-la repetidas vezes se utilizando dos mesmos artifícios, porém de uma forma leve e gostosa de se ver. Fato esse que não ocorreu na interpretação da prostituta. Ao se deparar com a personagem da prostituta a atriz Ana Garbuio demostrou um afastamento muito grande da atuação requisitada. Demostrou não estar “á vontade” com o papel. Nos apresenta uma certa imaturidade, mas uma imaturidade não pelo fato da atriz não ser capaz da atuação, mas sim de uma apropriação que ainda não está preparada no ponto de exercer um papel mais sexual, talvez pela pouca idade e pouca experiência. A atriz Ana Garbuio demonstra uma excelente qualidade de interatividade com os demais e uma leveza nas personagens mais caracterizadas pela doçura. A atriz Nádia Stevanato em sua personagem não conseguiu realçar aos olhos a construção mais acabada, mas a sua força enquanto segurar as cenas mais sexuais trouxe a energia necessária para a intenção buscada pelo texto. Força essa que levaria à personagem da prostituta um caráter mais impactante, devido aos traços mais maduros e a sua desenvoltura que me pareceu mais eficaz para aquele papel. O ator Bruno Garbuio catalisa a modificação do corpo e da atuação de uma maneira mais abrangente, com um repertório maior de soluções em cena. A personagem principal que se dá através do “andarilho” de certa forma é bem construído, porém com certas semelhanças com outras composições. Mas isso não ofuscou a desenvoltura das transformações do ator, que demonstrou ser excelente na segurança da interpretação. Porém essa personagem exagera no uso de um palavrão repetido algumas vezes. Utilização essa que ao ouvir pela primeira vez, parece engraçado, na segunda, engraçadinho, já na terceira perde o propósito. Podemos dizer que é o “querer fazer graça”. A maior qualidade do ator foi demostrada na performance da composição dos personagens “secundários” como utilizados na cena em que há um enfrentamento, e a troca feita pelo mesmo ator foi cativante e bem elaborada. A solução criativa e bem ousada dessa cena é digna de muitos elogios. Outra cena bem construída foi a da relação sexual das personagens. Por mais que a composição já tenha sido vista em encenações de dança, a resolução e a sutileza que os atores realizaram na cena foram de pura sensibilidade e o de sentir e passar o momento. Considero que a iluminação teve pontos negativos, principalmente no que se refere ao “desaparecimento” das faces dos atores em um ou dois momentos que julgo ser de observação das emoções. Voltando a cena da prostituta e do sonho de se casar, a representação se passa de maneira muito longa e de pouca produtividade para o espetáculo. Faltou ser um pouco mais coreografada nos movimentos e mais curta. A intencionalidade de realizar a troca aos olhos da plateia é de muito bom gosto e mostra a despreocupação que o grupo tem em estar sempre sendo observado pelo público.
A direção realizada pelo Fernando Cruz mostra a sua cara na criatividade das soluções cênicas, na ocupação bem distribuída do espaço e da quebra da personagem com o ator (distanciamento). Esse mecanismo é referente à ideia, mas também podemos dizer uma sugestão que o dramaturgo e encenador alemão Berthold Brecht procurava dissipar em seus trabalhos. Mostra que a direção está atenta e sabedora de muitas maneiras de se realizar um trabalho. Não posso deixar de dizer que a direção também mostra uma irrelevância na preparação do acabamento dos atores, na instigação dos sentimentos e no dinamismo de algumas ações estéticas. Considero que o texto pode ser enriquecido e valorizar mais as personagens consideradas principais.
Embora tenha sido uma pequena mostra do espetáculo, fato que poderemos apreciar na íntegra no FESTA a partir de julho, essas são observações e uma análise que nunca serão destrutivas, mas sempre com o intuito de poder ajudar.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Apresentação



Sejam bem vindos ao blog QUEBRANDO A QUARTA. Esse blog tem como objetivo o compromisso com a verdade e com o senso crítico e analítico. Aqui terá cobranças, posicionamentos, sugestões, análises e muita informação a todos que amam a cultura, especialmente na área teatral, sem deixar de lado um pouco de irreverência. Os comentários serão sempre bem vindos. Esse é um espaço onde todos podem dar os seus "pitacos" e debater sobre todos os temas relacionados a cultura. Está no ar mais uma ferramenta para
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