terça-feira, 15 de abril de 2014

PAPO DE COXIA - REALISMO

REALISMO

Foi um movimento artístico e literário surgido nas últimas décadas do século XIX na Europa, mais especificamente na França, em reação ao Romantismo.Entre 1850 e 1880 o movimento cultural, chamado Realismo, predominou na França e se estendeu pela Europa e outros continentes. Os integrantes desse movimento repudiaram a artificialidade do Neoclassicismo e do Romantismo, pois sentiam a necessidade de retratar a vida, os problemas e costumes das classes média e baixa não inspirada em modelos do passado. 

Entende-se por "Realismo Literário" um estilo de escrita que toma a realidade como princípio orientador de criação artística por meio da palavra. Neste sentido, o Realismo pode ser percebido em texto de qualquer época, desde as primeiras manifestações da humanidade até hoje, mas como movimento relativamente organizado, começou na segunda metade do século XIX, na França, difundindo-se por todos os países da Europa, com oposição declarada, ou não, ao sentimento romântico. O movimento realista correspondeu à ascensão da pequena burguesia. O pensamento filosófico que exerceu mais influência no surgimento do Realismo foi o Positivismo. Ao contrário do gosto da alta burguesia, interessada no jogo vazio das formas artísticas (a "arte pela arte"), motivou-a uma arte voltada a solução dos problemas sociais, isto é, uma arte "engajada" de "compromissos", que se colocava também contra o tradicionalismo romântico e procurava incorporar os descobrimentos científicos de seu tempo. O Naturalismo é uma espécie de prolongamento do Realismo. Não chegaram a ser movimentos literários distintos, tanto é que muitos autores são simultaneamente realistas e naturalistas, sendo o Naturalismo cronologicamente posterior ao Realismo. Para muitos, o Realismo representava uma alternativa do que era visto como um isolamento ou mesmo um elitismo da vanguarda — ponto de vista que ganhou apoio a partir da adoção do Realismo Socialista como a forma oficial de arte da União Soviética. Contudo, outras vozes insistiam em que a vanguarda possuía um papel a exercer no desenvolvimento de um realismo moderno adequado às condições do século XX. 

Em geral, os realistas retratavam temas e situações em contextos contemporâneos do cotidiano, e tentaram descrever indivíduos de todas as classes sociais de uma maneira similar. O idealismo clássico, o emocionalismo romântico e drama foram evitados de forma igual, e muitas vezes os sórdidos ou não cuidados elementos de temas não foram suavizados ou omitidos. O realismo social enfatiza a representação da classe trabalhadora, e os tratam com a mesma seriedade que as outras classes de arte, mas o realismo, como prevenção a artificialidade, no tratamento das relações humanas e as emoções também eram um objetivo do Realismo. Tratamentos de assuntos de uma maneira heroica ou sentimental foram igualmente rejeitados

Embora alguns manuais de literatura estabeleçam uma grande ruptura entre as propostas estéticas do Romantismo e do Realismo, acreditasse que é possível considerar que há um momento de continuidade entre esses dois importantes momentos na história da literatura. O Romantismo conquistou o direito de registrar e debater os grandes momentos da história nacional dos países que floresceu; o Realismo, a seu modo, amplificou esse interesse e trouxe a reflexão sobre a realidade social e política para o centro das narrativas realistas.

Com o realismo, problemas do cotidiano das camadas sociais mais baixas ocupam os palcos. O teatro, inclusive o realista e o naturalista, era definido pelo fato de que não só ilustrava o que se desviava da melhor sociedade, mas também suplantava a vida real pela forma do drama. O herói romântico é substituído por personagens do dia a dia e a linguagem torna-se coloquial. A primeira grande obra dramática realista é A Dama das Camélias, de fevereiro de 1852, do francês Alexandre Dumas, filho (1824-1895). Essa peça conta a história de uma cortesã que é regenerada pelo amor, dando ao público a constatação de um mundo real, observado, sem fantasiosas e lúdicas vivências, e sim, do dia a dia que explica o comportamento dos personagens apresentados. Fora da França, um dos expoentes é o norueguês Henrik Ibsen (1828-1906), citado como o primeiro grande nome a despontar no Realismo. Em Casa de Bonecas, por exemplo, trata da situação social da mulher. Em obra Espectros, Ibsen desenvolve um comentário cáustico sobre a moralidade da sociedade norueguesa da época. O drama foi tratado duramente pelos críticos por abrir completamente a moral da sociedade ao falar de promiscuidade e doenças venéreas.

São importantes também o dramaturgo e escritor russo Máximo Gorki (1868-1936), autor de Ralé e Os Pequenos Burgueses, e o alemão Gerhart Hauptmann (1862-1946), autor de Os Tecelões.

O Realismo pode ser visto até hoje em dia, em peças teatrais como o Homem da Faixa Preta e outras.


O Realismo na literatura 


Motivados pelas teorias científicas e filosóficas da época, os escritores realistas desejavam retratar o homem e a sociedade em sua totalidade. Não bastava mostrar a face sonhadora ou idealizada da vida, como fizeram os românticos; desejaram mostrar a face nunca antes revelada: a do cotidiano massacrante, do amor adúltero, da falsidade e do egoísmo humano, da impotência do homem comum diante dos poderosos.

Uma característica do romance realista é o seu poder de crítica, adotando uma objetividade que faltou ao romantismo. Grandes escritores realistas descrevem o que está errado de forma natural, ou por meio de histórias como Machado de Assis. Se um autor desejasse criticar a postura de alguma entidade, não escreveria um soneto para tanto, porém escreveria histórias que a envolvessem de forma a inserir nessas histórias o que eles julgam ser a entidade e como as pessoas reagem a ela.

Em lugar do egocentrismo romântico, verifica-se um enorme interesse de descrever, analisar e até em criticar a realidade. A visão subjetiva e parcial da realidade é substituída pela visão objetiva, sem distorções. Dessa forma os realistas procuram apontar falhas talvez como modo de estimular a mudança das instituições e dos comportamentos humanos. Em lugar de heróis, surgem pessoas comuns, cheias de problemas e limitações. Na Europa, o realismo teve início com a publicação do romance realista Madame Bovary (1857) de Gustave Flaubert

Alguns expoentes do realismo europeu: Gustave Flaubert, Honoré de Balzac, Eça de Queirós, Charles Dickens.


Realismo no Brasil 


A partir da extinção do tráfico negreiro, em 1850, acelera-se a decadência da economia açucareira no Brasil e o país experimenta sua primeira crise depois da Independência. O contexto social que daí se origina aliado à leitura de grandes mestres realistas europeus como Stendhal, Balzac, Dickens e Victor Hugo, propiciaram o surgimento do Realismo no Brasil.

Assim, em 1881, houve um marco na literatura no Brasil, Aluísio Azevedo publica O Mulato (primeiro romance naturalista brasileiro) e Machado de Assis publica Memórias Póstumas de Brás Cubas (primeiro romance realista do Brasil). 

Machado de Assis foi um grande crítico e escritor do Realismo e também do Romantismo no Brasil, suas principais obras foram: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e Dom Casmurro. No artigo "Instinto de Nacionalidade" (1999), Machado critica o principal ponto de honra do Romantismo brasileiro: o tema nacionalista. Ele vai dizer, em poucas palavras, que para ser brasileiro não é necessário falar sempre de imagens nacionalistas ou de símbolos — como a natureza exuberante do Brasil, ou mesmo a figura do índio como marca nacional. Em relação ao Realismo, Machado sempre se manteve alheio aos preceitos explícitos da Escola. 

Desde o seu início, o realismo brasileiro foi sobre tudo urbano, muitas vezes retratando a vida na cidade do Rio de Janeiro, como já fazia em pleno romantismo, um precursor do realismo, Manuel Antônio de Almeida (1831-1861). A novela de Manuel Antônio de Almeida ocupa um lugar especial no cenário da ficção romântica brasileira, graças à sua originalidade, seu único romance, Memórias de um Sargento de Milícias, publicado em 1852-53 sob a forma de folhetins, difere em muitos aspectos dos romances comumentes publicados em folhetins do século XIX, o que explica sua franca popularidade na época, e sua maior aceitação na posteridade. Suas narrações ganharam um caráter cômico e, ao mesmo tempo, observador, que o aproxima muito do Realismo, mais com características arcais. Por essas razões Manuel Antônio de Almeida é considerado um escritor em transição do Romantismo para o Realismo. 


NATURALISMO

O teatro do naturalismo surge paralelamente ao movimento literário do naturalismo. Seu precursor foi o escritor e dramaturgo Émile Zola.

O naturalismo reivindicava a volta dos princípios realistas do "gênero sério" de Mercier, porém de modo mais radical. Os naturalistas afirmavam que a peça teatral deveria reproduzir miméticamente a realidade.

Porém, o teatro naturalista não prega apenas um espelhamento da realidade tal como muitos afirmam, essa vertente artística buscava o entendimento da essência humana e maior vivacidade cênica, a qual havia sido "congelada" pela tradição acadêmica.


Literatura 

Os romances naturalistas destacam-se pela abordagem extremamente aberta do sexo e pelo uso da linguagem falada. O resultado é um diálogo vivo e extraordinariamente verdadeiro, que na época foi considerado até chocante de tão inovador. Ao ler uma obra naturalista, tem-se a impressão de se estar a ler uma obra contemporânea, que acabou de ser escrita. Os naturalistas acreditavam que o indivíduo é um mero produto da hereditariedade e o seu comportamento é fruto do meio em que vive e sobre o qual age.

A perspectiva evolucionista de Charles Darwin inspirava os naturalistas, que acreditavam ser a Seleção Natural impulsionadora da transformação das espécies.

Assim, predomina nesse tipo de romance o instinto, o fisiológico e o natural, retratando a agressividade, a violência, o erotismo como elementos que compõem a personalidade humana.

Os autores naturalistas criavam narradores oniscientes e impassíveis para dar apoio à teoria na qual acreditavam. Exploravam temas como a homossexualidade, o incesto, o desequilíbrio que leva à loucura, criando personagens que eram dominados pelos seus instintos e desejos, pois viam no comportamento do ser humano traços da sua natureza animal.

No Brasil, a prosa naturalista foi influenciada por Aluísio Azevedo com a obra O mulato, publicado em 1881. Esta marcou o início do Naturalismo brasileiro e a obra O cortiço, também de sua autoria, marcou essa tendência.


Émile Zola 


O francês Émile Zola foi o idealizador do naturalismo e o escritor que mais se identificou com ele. O romance experimental (1880) é considerado o manifesto literário do movimento.

As leituras de Zola sobre a teoria evolucionista de Darwin (a Origem das espécies foi publicada em 1859), A filosofia da arte (1865), "um grande estudo fisiológico e psicológico". O que Claude Bernard tinha desvendado no corpo humano, Zola iria desvendar na sociedade. 

Em 1881 Zola lança sua obra-prima Germinal. Para escrevê-lo, o autor não se contentou com a pesquisa, foi direto à fonte. Passou dois meses trabalhando como mineiro na extração de carvão. Viveu com os mineiros, comeu e bebeu nas mesmas tavernas para se familiarizar com o meio. Sentiu na carne o trabalho sacrificado, a dificuldade em empurrar um vagonete cheio de carvão, o problema do calor e a umidade dentro da mina, o trabalho insano que era necessário para escavar o carvão, a promiscuidade das moradias, o baixo salário e a fome. Além do mais, acompanhou de perto a greve dos mineiros, por isso sua narração é tão impactante. A força de Germinal causou enorme repercussão, consagrando Émile Zola como um dos maiores escritores de todos os tempos.


Teatro 

No teatro, o naturalismo exerceu mudanças marcantes, com o surgimento do diretor, do cenógrafo e do figurinista. Até então, o próprio ator escolhia suas roupas, um único cenário era usado para diversas montagens, e não estava definida a posição do diretor como coordenador de todas as funções. A iluminação passou a ser mais estudada e adotou-se a sonoplastia. É um radicalismo do Realismo.


Naturalismo no Brasil 


No Brasil, as primeiras obras naturalistas são publicadas em 1880, sendo influenciadas pela leitura de Émile Zola.

Pela primeira vez, a literatura pôs em primeiro plano o pobre, o homossexual, os negros e os mulatos discriminados.




TEATRO REALISTA E NATURALISTA - SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS


O Realismo e o Naturalismo apresentam semelhanças e diferenças entre si. O Realismo trata o homem interagindo com seu meio social, enquanto o Naturalismo mostra o homem como produto de forças “naturais”, desenvolve temas voltados para a análise do comportamento patológico do homem, de suas taras sexuais, de seu lado animalesco. 

Realismo - Movimento artístico da segunda metade do século XIX. Caracteriza-se pela intenção de uma abordagem objetiva da realidade e pelo interesse por temas sociais. O engajamento ideológico faz com que muitas vezes a forma e as situações descritas sejam exageradas para reforçar a denúncia social. O realismo foi uma reação ao subjetivismo do romantismo. Sua radicalização rumo à objetividade sem conteúdo ideológico leva ao naturalismo. Muitas vezes realismo e naturalismo se confundem.

Os naturalistas acreditavam que o indivíduo é mero produto da hereditariedade e seu comportamento é fruto do meio em que vive e sobre o qual age. A perspectiva evolucionista de Charles Darwin inspirava os naturalistas, esses acreditavam ser a seleção natural que impulsionava a transformação das espécies. Assim, predomina nesse tipo de romance o instinto, o fisiológico e o natural, retratando a agressividade, a violência, o erotismo como elementos que compõe a personalidade humana. 

O Naturalismo pode ser entendido como um prolongamento do Realismo. As duas estéticas são quase paralelas. O Naturalismo, na verdade, apresenta praticamente todos os princípios e características do Realismo, tais como o predomínio da objetividade, da observação e da verossimilhança. O seu dado particular é a visão cientificista da existência. Nesse sentido, o homem é o produto de seu meio, com o qual se confunde e do qual se mostra preso. 

Nos romances naturalistas, as fantasias e idealizações românticas cedem espaço à instintividade, às relações luxuriosas, às taras, à indignidade e aos crimes.

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